Publicado em 24/09/2025 às 12:17, Atualizado em 24/09/2025 às 16:20

Avião que caiu em Aquidauana operava irregularmente e não tinha permissão para voar à noite

Cessna 175, fabricado em 1958, já havia sido apreendido, estava impedido de atuar como táxi aéreo e só podia voar em condições visuais diurnas, segundo a Anac.

Redação,
Cb image default
Divulgação

O avião de pequeno porte que caiu na noite de terça-feira (23), na Fazenda Barra Mansa, em Aquidauana, no Pantanal, matando quatro pessoas, já havia sido alvo de apreensão em 2019 e operava sem autorização para voar no período noturno. A aeronave era um Cessna 175, fabricado em 1958, registrada em nome do piloto Marcelo Pereira de Barros, que também morreu no acidente.

Segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o avião só tinha permissão para voos visuais e diurnos (VFR Diurno), não podendo operar em baixa visibilidade ou à noite, já que não possuía instrumentos específicos para esse tipo de operação. Além disso, estava proibido de atuar como táxi aéreo.

Passageiros e missão

Apesar das restrições, o avião transportava o arquiteto chinês Kongjian Yu, referência mundial em urbanismo sustentável, e os documentaristas brasileiros Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz e Rubens Crispim Jr. Eles trabalhavam em um projeto audiovisual sobre o conceito de “cidades esponja”, voltado a soluções sustentáveis para grandes centros urbanos.

Antecedentes de apreensão

O mesmo Cessna havia sido apreendido em 2019, durante a Operação Ícaro, no Aeroclube de Aquidauana. Laudos periciais revelaram plaquetas de identificação adulteradas e constataram que a aeronave operava com o certificado de aeronavegabilidade cancelado. Ficou sob custódia do Dracco (Delegacia de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) por três anos, sendo devolvida ao piloto Marcelo em 2022.

O acidente

A queda ocorreu em área de difícil acesso, a cerca de 100 km do centro de Aquidauana. O avião explodiu após o impacto, carbonizando os corpos das vítimas. Segundo relatos preliminares, o piloto pode ter tentado uma arremetida — manobra para abortar o pouso —, mas a aeronave perdeu altitude e se chocou contra o solo.

Equipes do Corpo de Bombeiros e do Dracco atuaram no resgate e perícia. Os corpos foram levados ao IML de Aquidauana para exames antes da liberação às famílias.

As causas do acidente ainda estão em investigação.