Um áudio comprometedor divulgado pelo portal Metrópoles revelou que o deputado federal André Janones solicitou aos seus assessores na Câmara que destinem parte de seus salários para cobrir suas despesas pessoais. A prática, conhecida como 'rachadinha', é considerada enriquecimento ilícito e dano ao patrimônio público, podendo levar à inelegibilidade, conforme decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
No áudio, Janones detalha como planejava utilizar o dinheiro, mencionando a aquisição de casa, carro, poupança e previdência. Antes de solicitar que seus assessores cedam parte de seus salários, o parlamentar tentou convencê-los, alegando prejuízos financeiros em sua campanha para prefeito: "Porque eu perdi R$ 675 mil na campanha. Não é devolver salário, porque eu devolver salário, você manda na minha conta e eu faço o que eu quiser", afirmou o deputado.
Janones também argumentou que não seria justo os assessores manterem a totalidade de seus salários, propondo uma divisão desigual dos vencimentos: "Por exemplo, o Mário vai ganhar R$ 10 mil [por mês]. Eu vou ganhar R$ 25 mil líquido. Só que o Mário, os R$ 10 mil é dele líquido. E eu, dos R$ 25 mil, R$ 15 mil eu vou usar para as dívidas que ficou [sic] de 2016. Não é justo, entendeu?", explicou Janones.
O áudio, gravado por Cefas Luiz, ex-assessor de Janones, data de fevereiro de 2019. Luiz planeja levar a gravação à Polícia Federal, juntamente com outras evidências de irregularidades. Vale destacar que, em 2021, o TSE classificou a prática de 'rachadinha' como enriquecimento ilícito e dano ao patrimônio, cassando o registro de uma candidata a vereadora em São Paulo e declarando-a inelegível por oito anos.
O Supremo Tribunal Federal (STF) ainda deverá decidir se a 'rachadinha' constitui crime de peculato ou corrupção. Este julgamento envolve o deputado Silas Câmara, do Republicanos do Amazonas.
Procurada, a assessoria de Janones alegou que os áudios são "tirados de contexto". Até o momento, Janones, que ganhou destaque na política nacional em 2022 e coordenou as redes sociais da campanha de Lula, não se manifestou sobre o escândalo. No segundo turno, ele teve uma atuação notável nas redes sociais, chegando a admitir em seu livro o uso de fake news contra o então presidente Jair Bolsonaro. O caso promete gerar repercussões políticas e legais, sendo aguardada a resposta oficial do deputado diante das acusações.
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