O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está sendo questionado por negar acesso a informações sobre a agenda pública de Rosângela Lula da Silva, a Janja, primeira-dama do Brasil. Organizações de transparência, como a ONG Fiquem Sabendo, e veículos de imprensa têm enfrentado dificuldades em obter detalhes sobre as atividades oficiais de Janja, levantando dúvidas sobre o compromisso do governo com a transparência. A informação é do jornal O Globo.
Desde o início do mandato, o governo tem recusado pedidos de acesso à agenda de compromissos, atas de reuniões e dados sobre os assessores da primeira-dama. Em sua justificativa, a Casa Civil argumenta que Janja não ocupa um cargo público e, portanto, não estaria obrigada a divulgar informações, conforme a Lei nº 8.112/90.
Embora não exerça cargo formal, Janja desempenha um papel de destaque na administração, com participação ativa em eventos oficiais e proximidade do gabinete presidencial, situado no terceiro andar do Palácio do Planalto. No entanto, as atividades realizadas nesse espaço permanecem um mistério.
A ONG Fiquem Sabendo destaca que o protagonismo político da primeira-dama, financiado por recursos públicos, torna imprescindível a transparência sobre suas atividades. “As informações sobre a atuação pública de Janja estão sendo negadas da mesma forma que ocorria com os filhos de Bolsonaro, prejudicando a imagem do governo e comprometendo os padrões de transparência”, afirmou Bruno Morassutti, diretor da organização, ao jornal O Globo.
Durante a campanha eleitoral, Lula prometeu acabar com os sigilos de até 100 anos impostos por Jair Bolsonaro, criticando a prática como “inibidora da transparência”. No entanto, situações como a negativa de acesso à agenda de Janja e o sigilo sobre visitas ao Palácio do Planalto reforçam a impressão de continuidade de práticas opacas.
Além disso, a Controladoria-Geral da União (CGU) rejeitou recursos apresentados para reverter a decisão do governo, mantendo o entendimento de que as informações solicitadas podem permanecer restritas.
Analistas apontam que a recusa em divulgar informações sobre a primeira-dama vai de encontro ao discurso de transparência defendido pelo governo Lula. Para organizações de transparência, é essencial garantir o acesso a dados que esclareçam o papel desempenhado por figuras públicas financiadas com recursos estatais.
Procuradas pelo jornal O Globo, a Casa Civil e a Secretaria de Comunicação Social da Presidência não se manifestaram sobre as críticas.
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