A Polícia Federal (PF) no Paraná pediu hoje (3) ao juiz federal Sérgio Moro que a prisão temporária do publicitário João Santana, e da mulher dele Mônica Moura, seja convertida em prisão preventiva. Segundo a PF, a prisão preventiva é necessária para que a ordem pública seja mantida, evitando que tais indivíduos voltem a delinquir. A prisão temporária tem prazo de cinco dias, podendo ser prorrogada pelo mesmo período. A preventiva não tem prazo para terminar.
No documento, a PF diz que na casa de Maria Lúcia Tavares, funcionária da Odebrecht que foi presa durante operação policial, foi apreendida uma agenda onde é possível encontrar referência ao contato Feira e, ao lado, o nome de Mônica Moura e números de telefone vinculados a ela e a João Santana.
A PF diz ainda que em um caderno de Maria Lúcia foi encontrado um novo bilhete de Mônica, onde juntamente com números de telefones, está a despedida Obrigada e um beijo, seguido do nome da esposa de João Santana. O bilhete e outro documento encontrados foram submetidos a uma perícia grafotécnica.
O laudo pericial foi definitivo ao indicar que o bilhete carinhoso, que indica os horários disponíveis para uma possível entrega de acarajés, partiu do punho da investigada Mônica Moura, diz o documento. Para a PF, o bilhete mostra que, ao contrário do sustentado por Mônica Moura, ela relacionava-se com a funcionária da Odebrecht. Assim, parece não restar dúvidas que as referências ao termo Feira se referem ao casal João Santana e Mônica Moura, completa o texto.O documento aponta ainda que na análise preliminar do material apreendido foi encontrada uma planilha chamada Lançamentos X Saldo (Paulistinha), que indica pagamentos para a sigla Feira. Os pagamentos identificados para Feira iniciaram-se em 30/10/2014, perdurando até 22/05/2015 ou seja, estenderam-se para período já posterior à deflagração da Operação Lava Jato. Os valores pagos somam impressionantes R$ 21.500.000,00, conforme planilha abaixo, diz a PF. Segundo o texto, ao contrário do que disse o casal, há indícios de que receberam recursos da Odebrecht no Brasil.
Ao receber o documento, o juiz Sérgio Moro, responsável pelo processo da Operação Lava Jato, deu um prazo para que o Ministério Público Federal e a defesa do casal se manifestem. O Ministério Público Federal (MPF) enviou uma manifestação sobre a representação da PF. No documento, protocolado hoje, o MPF reforça o pedido de prisão preventiva.
Como bem salientado pela autoridade policial, mesmo que ainda em análise preliminar das provas colhidas, já foram constatados inúmeros repasses subreptícios a Mônica Moura e João Santana, caracterizando nitidamente o recebimento de valores oriundos de corrupção, diz o MPF.
O MPF destaca ainda o fato de o repasse de R$ 21,5 milhões teriam sido feitos entre 30 de outubro de 2014 e 22 de maio de 2015, quando a Operação Lava Jato já era de amplo conhecimento.
Ora, se nem a ampla divulgação da Operação Lava Jato e a realização de medida ostensiva especificamente no Grupo Odebrecht foi suficiente para frear o envolvimento do casal com a lavagem de ativos, revela-se evidente o risco concreto de que, se colocados em liberdade, Mônica Moura e João Santana novamente incorram em novos delitos, diz o texto.
Destruição de provasA polícia alerta para o perigo de destruição de provas. A Polícia Federal afirma que um relatório apontou que João Santana teria excluído uma conta em serviço de armazenamento e compartilhamento de arquivos em nuvem no dia em que a 23ª fase da Operação Lava Jato foi deflagrada, quando o publicitário e a esposa foram presos. Para a PF, foi uma clara tentativa de eliminar eventuais elementos probatórios relevantes que ali pudessem ser encontrados. Segundo a PF, colocar o casal em liberdade poderia provocar a destruição de provas.
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