Publicado em 13/08/2025 às 12:26, Atualizado em 13/08/2025 às 16:32

Radares em rodovias federais são desativados após corte de verbas do governo Lula

Redução de 88% no orçamento paralisa fiscalização eletrônica e aumenta risco de acidentes

Redação,
Cb image default
Divulgação

Desde 1º de agosto de 2025, os radares de velocidade instalados em rodovias federais estão sem registrar infrações. A paralisação é consequência direta do corte de 88% no orçamento do Programa Nacional de Controle Eletrônico de Velocidade (PNCV), que passou de R$ 364,1 milhões previstos para apenas R$ 43,3 milhões, conforme dados da Lei Orçamentária Anual.

O bloqueio de recursos ocorreu dentro do contingenciamento de R$ 31,3 bilhões anunciado pelo governo federal para cumprir a meta fiscal. Sem verba, os contratos de operação e manutenção dos radares não puderam ser mantidos, deixando os equipamentos ligados apenas fisicamente, mas sem função de registro.

Impactos imediatos na segurança viária

Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Engenharia de Tráfego (Abeetrans), a ausência de fiscalização eletrônica já provocou um aumento significativo de motoristas trafegando acima da velocidade permitida. Em alguns trechos, o número de infrações dobrou desde que as multas deixaram de ser aplicadas.

Órgãos técnicos como a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) alertam, em documentos oficiais, que a paralisação do programa expõe a população a risco elevado de mortes e lesões, podendo comprometer a meta de redução de acidentes prevista na Política Nacional de Trânsito.

Comparativo de custos

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estima que, apenas em 2014, acidentes fatais por excesso de velocidade geraram prejuízos de R$ 12,8 bilhões — valor que, corrigido pela inflação, seria ainda maior atualmente. O orçamento reduzido do PNCV representa menos de 0,2% desse prejuízo, levantando críticas sobre a relação custo-benefício da medida.

Reações e possibilidade de reversão

A Abeetrans estuda ingressar na Justiça para obrigar a reativação dos radares, alegando risco à vida e à segurança nas estradas. Internamente, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) já levou o caso à Casa Civil, que avalia liberar verba extraordinária. A expectativa é que cerca de R$ 180 milhões possam ser realocados até dezembro para restabelecer o serviço.