Publicado em 05/10/2015 às 08:36, Atualizado em 26/10/2016 às 13:14

Acusado de golpe na cassação de Alcides Bernal, João Amorim voltar a falar com Gaeco

, ConJur

Sem habeas corpus acatado pela Justiça, o vice-prefeito afastado da Capital, Gilmar Olarte (PP) passou o final de semana no Presídio Militar Estadual de Campo Grande, enquanto que o outro investigado que teve a prisão provisória decretada a pedido do MPE-MS (Ministério Público de MS), o empresário João Amorim dos Santos, foi liberado no final da noite de sexta-feira, em decisão acatada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), em Brasília.

De acordo com reportagem do jornalista Elvio Lopes, do jornal O Progresso, os dois serão ouvidos neste início de semana pela força tarefa do MPMS formada para investigar as denúncias de corrupção ativa e passiva e formação de quadrilha apuradas pela Operação Coffee Break, desencadeada em 25 de agosto pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e que resultou na condução coercitiva de empresários, vereadores, ex-vereador e ex-secretário municipal para serem ouvidos na sede do grupo.

Segundo informações prestadas pelo coordenador do Gaeco, promotor de Justiça Marcos Alex Vera de Oliveira, João Amorim será ouvido nesta segunda-feira a partir das 9h da manhã, enquanto que o prefeito afastado deve depor no mesmo horário, amanhã.

As prisões temporárias foram solicitadas, de acordo com o Gaeco, para garantir a presença dos dois acusados para os depoimentos desta semana. Marcos Alex comentou que, dependendo dos depoimentos de Amorim e Olarte, que serão confrontados com os de outras pessoas ouvidas nas investigações, poderá solicitar ao TJMS (Tribunal de Justiça do Estado), a prorrogação das prisões temporárias, ou a conversão delas em preventivas.

As investigações da Operação Coffee Break começaram depois que o MPMS recebeu, da Polícia Federal, documentos da Operação Lava Jato, instaurada para apurar fraudes em licitações e desvio de dinheiro das administrações estadual e municipal e que foram compartilhados com o Gaeco, em razão de constatados envolvimentos de Amorim e Olarte, outro empresário e vereadores, em suposto favorecimento financeiro para a cassação do prefeito Alcides Bernal (PP), em março do ano passado.

Citados em conversas telefônicas autorizadas pela Justiça na Operação Lama Asfáltica, João Amorim e Gilmar Olarte são suspeitos de serem os principais articuladores da cassação de Bernal.

Rotina

Ao deixar a sede do Garras (Grupo Armado de Repressão a Roubos, Assaltos e Sequestros), pouco antes da meia-noite de sexta-feira, o empresário João Amorim, que foi diretamente para sua residência, onde afirmou que passaria o final de semana, disse que vai colaborar com as investigações.

Já o vice-prefeito afastado, Gilmar Olarte, passou o final de semana no Presídio Militar Estadual, que fica no complexo penitenciário da Capital, em uma cela, com uma bíblia e um violão e recebeu, no sábado, em duas oportunidades, a visita de seu advogado, Jail Azambuja e chegou a ser vaiado por familiares de detentos que se aglomeraram em frente ao Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande.

De acordo com a direção do Presídio Militar Estadual, Olarte não tem direito a visita, a não ser de seus advogados e teve uma rotina de detento no sábado, com direito a banhos de sol pela manhã e à tarde, três refeições e conversou com Jail Azambuja sobre as estratégias de defesa, que inclui a impetração de um habeas corpus que foi encaminhado pelo TJMS ao STJ ainda na quinta-feira, data do cumprimento da decretação de prisão dele e do empresário. Amorim se entregou no início da tarde daquela data e Olarte somente na madrugada de sexta-feira.

Mensagens

Olarte chegou a gravar, via whatsapp, mensagens dirigidas aos fiéis da igreja em que é pastor e presidente, afirmando que as acusações que lhe são imputadas fazem parte de uma fase de sua carreira política e que vai estar junto com os irmãos e celebrar a vitória e que, assim como grandes homens da história bíblica, “que foram grandes gestores, também foram presos”.

Ele também pediu orações aos fiéis e destacou que está passando por momentos “que nos parecem ser o fim, mas o Senhor vai transformar tudo isso em glória, pois tenho certeza de minha inocência, certeza de que vamos conseguir provar e retornar ao convívio de todos”.