Publicado em 25/03/2015 às 14:14, Atualizado em 13/09/2024 às 19:16

Ataques de escorpião crescem e média chega a um por dia em Campo Grande

Combinação de umidade e altas temperaturas gera proliferação de escorpiões na periferia

Fagner de Olindo, Correio do Estado
Elena Barbosa tapa os ralos de sua residência para evitar que mais escorpiões invadam sua casa (Foto: Valdenir Rezende / Correio do Estado)

As altas temperaturas e o número de chuvas que caíram na Capital desde o começo do ano são o principal fator que justifica a proliferação de insetos e o surgimento de escorpiões na cidade.

O aumento de acidentes com esses animais foi registrado por moradores, e a  Secretaria de Saúde de Campo Grande (Sesau) já calcula mais de uma vítima por dia por picadas de escorpião. De janeiro a fevereiro de 2015,  já foram registradas 82 ocorrências no município. No ano passado, mais de 433 casos foram notificados. Em Campo Grande, não há registro de morte devido a ataque de escorpião desde 2011.

A dona de casa Elena Barbosa, 45 anos, guarda em casa como “recordação” um pote com os escorpiões que encontrou em casa no período de um mês; são quase 20. Ela conta que os insetos surgiram em março, principalmente no banheiro de casa, e um deles chegou a picar o esposo, que,  por sorte, não teve nenhum ferimento grave. 

A preocupação, de acordo com Elena, é com a filha de 10 anos. Para se precaver da infestação, a dona de casa adotou algumas medidas. Todos os dias, ela passa veneno na casa e o cuidado com a limpeza do quintal foi redobrado. 

Mas, para que os escorpiões não voltem a aparecer, a vizinhança também tem que dar continuidade aos cuidados, fazendo a manutenção dos quintais, mas esse é o problema encontrado pela moradora. “Os vizinhos jogam lixo no bueiro, não cuidam da limpeza, então não adianta eu fazer minha parte”, denuncia. 

De acordo com a Bióloga Sílvia Barbosa do Carmo, chefe de controle de animais peçonhentos do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ),  o risco de encontrar o escorpião é maior na área central da Capital, principalmente em locais próximos aos córregos. Segundo ela, há uma grande colônia do aracnídeo nestes canais. Sílvia também aponta bairros como Moreninhas e Coophamat como os que mais registram casos de picadas. A maior incidência de casos é registrada de dezembro a maio, devido às altas temperaturas e às chuvas frequentes, um convite à proliferação do animal. 

O mau hábito da população é a grande preocupação da profissional, e indica a medida principal para evitar os animais em casa, fazendo barreiras físicas, bem como conservando o imóvel livre de rachaduras, quintal limpo, ralo devidamente tampado.  

O Centro Integrado de Vigilância Toxicológica (Civitox)  registrou, somente neste começo de ano, mais de 50 ataques de escorpião. Em 2014, segundo o centro, ocorreram 260 registros de casos envolvendo o animal peçonhento.

O recomendado, em casos de acidentes com o animal, é que a pessoa não deve ingerir  medicamentos sem orientação médica, não jogar substância química no local e nem amarrar a área picada. Se possível, levar o animal para que seja identificado, assim, a vítima da picada deverá receber o tratamento específico.