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Jovem que matou os dois irmãos recebe liberdade após cumprir três anos de medida socioeducativa

Vizinhos temem que o rapaz volte a morar na casa dos pais

Há três anos um crime bárbaro chocou moradores da rua Arariba, no conjunto Moreninha II, em Campo Grande.

 Um adolescente de 15 anos, confessou ter matado a tiros os irmãos Rodrigo dos Santos Vilar , 21, e Walquíria dos Santos Vilar, 22, ambos estudantes de direito. Na época, o garoto disse que se a mãe e o pai dele estivessem em casa, também morreriam.

O rapaz, que agora é maior de idade, recebeu mandado de desinternação nesta terça-feira (07), após cumprir o período total de medida socioeducativa para reeducação de menores autores de atos infracionais, na Unidade Educacional de Internação (UNEI) Dom Bosco.No bairro em que o jovem morava, e onde os pais deles ainda vivem, vizinhos estão com medo. “Ele disse que iria voltar e nos ameaçou, estamos aterrorizados com a notícia de que ele foi solto, porque ele é doente, um psicopata”, conta Maria Aparecida Alves Viana Gonçalves, que mora na mesma rua onde ocorreram as mortes.

Deurico/Capital News

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Conforme informações apuradas pela reportagem do Capital News, o jovem foi solto porque cumpriu o prazo máximo de internação para um adolescente, que é de três anos, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente. No entanto, dois laudos psiquiátricos comprovam que o rapaz é sociopata, por isso deveria permanecer internado em um hospital, caso ainda apresentasse risco à sociedade. “Como no Brasil não existem manicômios, e pacientes psiquiátricos devem ser cuidados pela família, pessoas de casos assim ficam à deriva”, informou uma fonte que não quis se identificar.Após receber a liberdade, o rapaz foi encaminhado para uma instituição para adultos migrantes, onde deve permanecer por 30 dias, até ter um local para se abrigar. A juíza da Vara da Infância e Juventude, que assinou a decisão de desinternação do rapaz, Katy Braun do Prado, preferiu não comentar o caso. Ela estava substituindo o juiz titular da Vara  Mauro Nering Karloh, que estava de férias até esta quarta-feira (08). O caso será encaminhado para o Ministério Público, que deve pedir a internação do rapaz em uma ala psiquiátrica, com base nos laudos psiquiátricos.

“Ele não é um ser humano para viver solto. Nossa rua nunca mais foi a mesma, a gente tem medo dele, ninguém quer ele aqui”, disse uma vizinha.

O jovem matou o irmão, que dormia no quarto, com um tiro no coração, e a irmã, que ouviu o barulho e tentou pedir socorro, com dois tiros, primeiro no peito e depois na nuca. Após matá-los, por volta das 7h do dia 07 de abril de 2012, 9h, um sábado antes da páscoa, o adolescente, que era filho adotivo, furtou a carteira e uma mochila do irmão. “Ele era assim mesmo, sempre vinha aqui em casa e de repente decidia arrumar tudo que estava bagunçado, depois da arrumação, era só procurar pra ver o que tinha sumido, por duas vezes ele furtou o celular da minha filha, depois a mãe dele obrigava ele vir devolver”, contou a vizinha Maria Aparecida Alves Viana Gonçalves.Na época do crime, em depoimento, o garoto disse à delegada do caso, Maria de Lourdes Cano, que mataria “até” os pais, caso estivessem também na casa. O pai dos envolvidos, o policial civil aposentado Pedro Paulo dos Santos Vilar, de 51 anos de idade, tinha saído de casa para levar a mulher Maria Sonia Pereira dos Santos Vilar ao trabalho, e depois iria comprar ovos de páscoa para os filhos.

Durante o correr do inquérito, o garoto confessou que matou os irmãos de maneira premeditada. No dia do crime, ele esperou os pais saírem, pulou a janela do quarto dos pais, já que a porta estava trancada, abriu um armário onde o pai guardava a arma, e pegou o revólver calibre 38 para matar os irmãos. À polícia, o jovem disse que era “bem tratado, mas não gostava quando os pais e os irmãos o corrigiam”.“Uma vez eu estava passando pelo portão da casa deles e vi ele brigando com a irmã porque não queria deixar um amigo dela entrar, ele fazia uma cara feia e impedia o moço de passar pelo portão, eu brinquei com ela, com um pit bull você nem precisa de cachorro, duas semanas depois ele matou os irmãos”, relatou Acyndino Gonçalves Santurion, outro vizinho.Parentes das vítimas disseram que o menino foi adotado assim que nasceu. Um ano antes, um irmão legítimo de Rodrigo e Walquíria, de seis anos de idade, foi atropelado por um caminhão e morreu, foi então que o casal resolveu adotar o garoto. “A mãe entrou em depressão quando o caçula morreu, ai apareceu esse menino, a madrinha dos outros filhos dela que trouxe, e eles decidiram adotar, acho que para curar a dor da perda do outro filho”, disse Maria Aparecida.

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