Publicado em 22/04/2015 às 14:29, Atualizado em 13/09/2024 às 19:20

Justiça decreta nova prisão e Câmara vai decidir sobre criação de comissão

Polícia Civil investiga rede de exploração sexual que envolveria políticos e extorsão

Fagner de Olindo, Correio do Estado
ereador Mário Cesar falou sobre criação de comissão (Foto: Bruno Henrique/Correio do Estado)

Como parte da investigação da Polícia Civil que apura caso de pedofilia e extorsão envolvendo políticos, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ-MS) decretou a prisão preventiva de Fabiano Viana Otero, citado em depoimento do empresário Luciano Roberto Pageu que responsabiliza Fabiano por intermediar acesso de adolescentes a políticos. 

Enquanto o caso é investigado, a Câmara Municipal vai decidir amanhã (23) sobre a criação de uma comissão de ética para apurar a conduta do vereador Alceu Bueno (PSL), envolvido na apuração.

O advogado que representa Fabiano, Amilton Ferreira, afirma que foi informado pelo delegado Paulo Sérgio Lauretto, da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA), sobre a decretação da prisão.

“Ele me informou que foi decretada. Vou falar com meu cliente à tarde para definirmos se ele irá se apresentar. Seria interessante que ele se apresentasse e eu vou definir com ele se entraremos com o pedido de revogação da prisão”, disse o advogado.

Se a prisão de Fabiano for confirmada, será a terceira no caso envolvendo pedofilia, extorsão e políticos. O ex-vereador Robson Martins e o empresário Luciano Pageu foram presos na última quinta-feira (16) enquanto recebiam R$ 15 mil do vereador Alceu Bueno (PSL). A polícia investiga possível esquema de exploração sexual de adolescentes.

CÂMARA

Em sessão comunitária, o presidente da Câmara, Mario César (PMDB) afirmou nesta manhã (22) que todos vereadores se reunião amanhã para definir a criação de uma comissão de ética que irá apurar conduta de Alceu.

O presidente da Casa da Leis disse que aguarda uma versão oficial da Polícia Civil sobre o caso para, a partir daí, discutir o caso.

“Não é que depende disso [polícia], mas ajudaria na votação pela criação da comissão”, disse.

Alceu Bueno havia informado à imprensa que participaria normalmente da sessão comunitária desta manhã, no entanto, ele não apareceu.

O CASO

Conforme a investigação, no final do mês passado, Fabiano, que é ex-funcionário do empresário Luciano Pageu, mais conhecido como Luciano Altar, teria tido acesso às imagens de adolescentes junto ao vereador Alceu Bueno. Os arquivos teriam sido repassados para o ex-funcionário por uma suposta cafetina, que teria ficado revoltada depois que duas adolescentes que se prostituíram acabaram sendo levadas para a delegacia.

Com as imagens em mãos, o ex-funcionário procurou Luciano e esse, por sua vez, procurou o vereador Alceu Bueno, levando ao conhecimento dele as imagens. “Deus te blindou, caíram umas meninas que iriam te extorquir, mas por acaso essas meninas estavam hospedadas na casa de um funcionário meu”, teria dito Luciano ao vereador, segundo depoimento de Alceu à Polícia Civil.

Diante da situação, Alceu teria acionado o ex-vereador e também advogado Robson Martins para aconselhá-lo no caso. De acordo com o inquérito, Robson tomou a frente nas negociações com o ex-funcionário de Luciano, que inicialmente teria pedido R$ 1 milhão para não divulgar as imagens.

Os valores foram sendo negociados entre Robson e Luciano Pageu, que confirmou a Alceu que teria mandado o ex-funcionário para o interior de São Paulo. Evitando, assim, o contato com Bueno.

À polícia, o vereador afirma que Robson Martins teria feito uma “lavagem cerebral” nele, o orientando a pagar a quantia que o funcionário de Luciano solicitava. Para dar “um cala boca” no responsável pela extorsão, o vereador Alceu Bueno disse à polícia ter pago R$ 100 mil a Robson e Luciano.

Segundo a investigação, a quantia foi paga em espécie, depois que o vereador vendeu bens e contraiu empréstimos com conhecidos. Depois de receber a primeira quantia, a dupla teria solicitado mais R$ 50 mil ao vereador, em duas parcelas. No fim das negociações, o valor caiu para R$ 27 mil e depois para R$ 15 mil.