Publicado em 14/04/2015 às 08:50, Atualizado em 13/09/2024 às 19:19

Morre de câncer mulher que foi mantida presa pelo marido durante 22 anos

Cira ficou conhecida nacionalmente depois que ela e os dois filhos ganharam liberdade

Fagner de Olindo, Mídia Max
Cira ao lado dos filhos e do pai, Adão Sabino, na época em que ela foi libertada (Foto: Correio do Estado)

Vítima da fúria do ex-marido que manteve ela e os dois filhos presos em casa por mais de 22 anos, Cira Higina da Silva, de 46 anos, morreu na madrugada desta terça-feira (14).

Depois de tanto sofrimento e do recomeço ao lado da família, Cira foi diagnosticada com um câncer, há cerca de três meses, e morreu hoje.

Os problemas de saúde que sempre fizeram parte da vida de Cira, por não poder sair de casa para buscar qualquer tipo de tratamento e por ter sido espancada pelo marido durante longos anos, se agravaram logo quando ela estava na casa nova, construída no terreno da família.

Há três meses, um tumor foi descoberto em uma das pernas de Cira. Ela iniciou o tratamento no Hospital Universitário e foi transferida para o Hospital de Câncer Alfredo Abraão no último dia 7 de março.

O hospital não repassou à reportagem detalhes sobre a causa da morte de Cira, no entanto, confirmou que ela estava internada na unidade desde o início do mês passado.

O CASO

Cira ficou nacionalmente conhecida em dezembro de 2013 depois que um agente de saúde denunciou a situação dela e dois dois filhos à polícia. A mulher vivia em uma casa no Jardim Aero Rancho.

Ela sofria agressões diárias, apresentava marcas de agressão pelo corpo, perdeu os dentes da frente e era obrigada a manter relações sexuais com o marido, além de viver em condições insalubres, sem ter ao menos água encanada. O pedreiro Ângelo da Guarda Borges, 58 anos, foi preso em flagrante e continua cumprindo pena por cárcere privado, ameaça e lesão corporal.

Segundo a família, o tumor descoberto no corpo de Cira foi consequência das agressões, já que ela desenvolveu várias infecções.