Publicado em 23/05/2016 às 07:37, Atualizado em 26/10/2016 às 15:04

Mulher empresta R$ 50 para fazer doces e 3 anos depois vira empresária

Ela vendia pirulitos em porta de escola e agora é expert em confeitos.Em 3 anos, doceira se tornou uma das mais requisitas de Campo Grande.

, G1/MS
(Foto: Graziela Rezende/G1 MS)
(Foto: Reprodução / Facebook)

Sem emprego e dinheiro, Danielle Beltram Ferreira e Silva, de 36 anos, pediu R$ 50 emprestado ao marido. A ideia era fazer pirulitos de chocolates, para serem vendidos na porta de escola, algo considerado “uma loucura” por ele. Os doces, fincados em um isopor, foram somente o início de uma das mais requisitadas profissionais de açucarados personalizados de Campo Grande.

Do início até a construção da empresa, na qual Beltram emprega familiares e mais 2 amigas, se passaram 3 anos. Nesse período, muitas tentativas e erros, aulas na internet e madrugadas para atender aos pedidos mais inusitados. Aliás, galinha pintadinha fica até esquecida diante de encomendas como O Pequeno Príncipe, futebol americano, Sonic, fazendinha, entre outros.

“Eu trabalhava em uma empresa de telecomunicações. Porém, fiquei desempregada e o desespero bateu porque meu seguro acabou. Com o dinheiro, comprei uma barra de chocolate e fiz 60 pirulitos. Meu filho ficou no carrinho, estava com 6 meses de idade. Em 15 minutos, vendi tudo na porta de uma escola aqui do meu bairro”, afirmou Danielle.

As ideias foram aumentando e ela acrescentou o cupcake e outros tipos de doces. “Eu vendia tudo a R$ 1 e as pessoas gostavam bastante. As mães também começaram a pedir encomendas de brigadeiros e beijinhos, para festas dos filhos. Meu marido então falou para eu postar as fotos em uma página do Facebook”, comentou ao G1a confeiteira.

Na época, em 2013, ela achou que as pessoas não gostariam do trabalho, diante a tantas opções na cidade. “Meu filho estava prestes a completar 1 ano e eu queria fazer uma festinha pra ele, com o tema galinha pintadinha. O dinheiro que ganhava estava nos sustentando, com despesas diárias, a fralda e o leite dele. Só que eiu me esforcei e consegui pagar os confeitos para o aniversário”, relembrou.

Primeiro grande pedidoEntre outras invenções, Ferreira conversou com a pessoa na qual ela fechou um contrato dos doces para o filho. “Eu a convidei para uma parceria, na qual eu faria os doces e ela a pasta americana. O pedido grande chegou e a mulher aceitou, mas, me decepcionou no primeiro pedido e não quis fazer, dizendo que estava cheia de serviço”, explicou.

O medo de decepcionar a cliente foi substituído por horas de treino. “Tentava fazer sozinha e pra mim tudo parecia feio. Ela tinha encomenda o tema bonecas de pano. Sentei na varanda, às 3h da manhã e comecei a rezar, quando estava prestes a desistir. Voltei pra sala e então tive uma ideia genial, fazendo as bonecas orientais, já que a dona e a filha eram japonesas”, ressaltou.

Ao entregar o pedido, a dona não só ficou satisfeita, como fez uma nova encomenda. “Ela fechou comigo em junho e o valor era de R$ 3 mil, pois eram pouco mais de 1,2 mil doces. A entrada foi de R$ 500 e o evento seria em fevereiro do outro ano. Mas, quando ela foi em minha casa experimentar, aprovou e comprou pequenas quantidades para o aniversário da filha”, falou.

Novata X empreendedoraPara a cliente, Danielle conta que ressaltou o fato de ser novata na área. “Ela falou que eu tinha um futuro promissor e por isso a chamei bem antes para experimentar. Não tenho vergonha de dizer que aprendi tudo na raça, com a ajuda da internet. Aliás, escolhia 2 temas diferentes por semana e ia fazendo. Tudo o que aparecia, eu abraçava”, garantiu.

A empresa era junto com a casa de 3 cômodos no bairro Mata do Jacinto. Em 3 anos, Danielle disse que mudou para uma residência 10 vezes maior, no Carandá Bosque, região nobre da cidade. “Quando comecei, por diversas vezes, os clientes chegavam e não tinham onde sentar, pois o sofá estava cheio de doces. As coisas melhoraram e, em agosto de 2014, fui para São Paulo fazer um curso com um cake boss”, relembrou.

No retorno, além das encomendas, Beltram começou a receber pedidos de cursos e aí foi necessário aumentar o espaço de trabalho. “Hoje eu tenho um ambiente só para os chocolates, outro para a pasta americana e por aí vai. Acho que o que chama a atenção dos clientes também é a minha simplicidade, já que muitas  vezes eles chegam aqui e estou com açúcar até no cabelo e lavando a calçada”, comentou.

MS e outros estadosDa classe mais alta até as mais simples os pedidos chegam e não há uma semana, segundo Danielle, que os doces não fazem parte da sua rotina. Ela disse que já enviou produtos para Rio de Janeiro, Fortaleza, Goiânia, entre outros. No entanto, em um mercado de tanta concorrência, a confeiteira diz que a qualidade é o seu diferencial.

“A semana de menor pedido é de 8 festas, mas a média é de 14, 15. Só que para isso eu abri mão de muita coisa. Parece que está na moda ser doceira e muitas pessoas veem somente o bônus e não o ônus, só que também temos muito trabalho. Eu me descobri neste mundo e tive muitas conquistas, como carro, viagens e uma escola bacana para o meu filho”, finalizou.