Investigado pela Operação Lama Asfáltica, em busca de culpados por desvio milionários de dinheiro dos cofres públicos em Mato Grosso do Sul, a alta cúpula do PMDB deve desistir da ideia de candidatura própria à Prefeitura de Campo Grande, confidenciaram interlocutores do partido.
O PMDB nutre esperança pela candidatura do ex-governador André Puccinelli, o qual ficou de se manifestar entre os dias 10 e 15 deste mês. No entanto, o líder peemedebista tende a dizer não, frustrando assim os planos do partido que sonha em retomar o poder na Capital.
A leitura que se faz é que, embora André Puccinelli negue o seu envolvimento direto em desvio de dinheiro público, as investigações recaem sobre integrantes do seu governo, o que acabou atingindo a reputação de seu grupo político.
O desgaste é tão notório que nem mesmo a candidatura do deputado estadual Márcio Fernandes é comentada dentro do partido. Além do mais, outros nomes de maior densidade eleitoral, como os senadores Waldemir Moka e Simone Tebet, não querem nem saber da ideia de disputar o cargo.
Até mesmo o deputado federal Carlos Marun, que sonhava em concorrer ao cargo antes de as denúncias repercutirem negativamente, também descarta essa possibilidade.
Diante disso, o caminho dos peemedebista é apoiar outra candidatura. O presidente regional do partido e presidente da Assembleia Legislativa, Júnior Mochi, conversa com o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) sobre eventual aliança em favor da vice-governadora Rose Modesto (PSDB).
Os peemedebistas também analisam a possibilidade de apoiar a candidatura do ex-prefeito de Campo Grande, Nelsinho Trad, presidente regional do PTB, e da deputada federal Tereza Cristina (PSB).
O que o partido descarta de vez é apoiar a candidatura à reeleição do prefeito Alcides Bernal (PP), adversário ferrenho do ex-governador.
PRISÕES
As investigações sobre o suposto esquema de corrupção teve início em 2013. Na primeira fase da apuração, foi verificada a existência de um grupo que, por meio de empresas em nome próprio e de terceiros, superfaturaram obras contratadas com a administração pública, mediante corrupção de servidores públicos e fraudes a licitações, ocasionando desvios de recursos públicos.
Entre os envolvidos, foram presos Wilson Roberto Mariano de Oliveira (ex-prefeito de Paranaíba e servidor da Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimento), João Amorim (empreiteiro e dono da Proteco), Edson Giroto (ex-secretário estadual de obras e ex-deputado federal) e o empresário do interior de São Paulo, Flávio Henrique Garcia.
Em análise a material apreendido na primeira fase da operação, a CGU e a Receita Federal verificaram indícios de lavagem de dinheiro, inclusive decorrentes de desvio de recursos públicos federais e provenientes de corrupção passiva, com a utilização de mecanismos para ocultação de tais valores, como aquisição de bens em nome de terceiros e saques em espécie.
No último mês de fevereiro, o MPE-MS (Ministério Público do Estado), denunciou 40 pessoas por envolvimento em corrupção em obras públicas de Mato Grosso do Sul. Esses denunciados tinham sido investigados pela PF. Na época, R$ 84 milhões em bens foram bloqueados.
A operação foi deflagrada em 9 de julho de 2015, cumprindo 19 mandados de busca e apreensão em residências de investigados e em empresas que tinham contratos com o poder público.
A PF e a Receita Federal também foram à Secretaria de Estado de Infraestrutura. De acordo com o secretário estadual de Governo e Gestão Estratégica, Eduardo Riedel, quatro servidores foram afastados na época.
Na lista de obras investigadas na primeira fase estão o Aquário do Pantanal e as rodovias MS-171, MS-228 e MS-187. Todas foram executadas na administração de André Puccinelli. Na época, a assessoria do ex-governador informou que "todas as contratações seguiram rigorosamente a legislação vigente e aplicável ao caso" e "os pagamentos efetuados foram feitos após verificação dos fiscais de cada uma das obras.
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