Publicado em 25/06/2015 às 10:01, Atualizado em 26/10/2016 às 12:25
O casal namorava havia 7 anos quando recebeu o ultimato da sogra
Espalhados por várias partes do corpo, os nódulos que surgiram no seio, abreviariam a vida de Matilde Bitencurt, 62 anos. Cansada das tentativas de curar o câncer que durante anos lhe trazia sofrimento, ela se entregou. Mas o que poderia ser um relato triste se transformou em uma ode à vida, não por milagre, mas por amor, um pedido de amor.
Já bastante debilitada, Matilde recebeu a visita da nora Heléia Miranda, 34 anos, e de seu filho Carlos Bitencurt, 31. Entre uma conversa e outra a nora ouve de sua sogra: por que não se casam? Eu gostaria de entrar na igreja com o Carlos. De vê-lo se casar. Sem nunca ter pensado na possibilidade, Heléia despistou ah, sogra, vamos ver. Tenho que falar com o Carlos, lembra.
Em casa, o casal tocou no assunto pela primeira vez e por apelo da sogra decidiram se casar. Foi por ela, não pensávamos nisso. Eu não sonhei em me casar, conta a cerimonialista Heléia. Foi 1 e 4 meses de preparativos para a cerimônia. Cada detalhe foi preparado pela noiva com o pensamento em Matilde.
Desde que dissemos que íamos nos casar, aquilo criou uma força muito grande nela. Nós percebemos isso e passamos a incentivá-la, dizíamos que ela precisava estar lá, precisava estar presente.
Com a data marcada, dia 13 de junho de 2015, os dois acertavam os últimos detalhes quando foram surpreendidos pela melhor notícia que podiam receber.
Em abril, após convocação da equipe médica, a família toda compareceu ao hospital para ouvir: Pelos exames está tudo bem e a Matilde pode seguir com tratamento apenas via oral. Incrédulos, tanto médicos quanto a família pediram a revisão dos exames e o fato era: Matilde levaria Carlos ao altar.
Foi um dos momentos mais felizes da minha vida. Eu não acreditava que estaria presente. Eu pensava: preciso ser forte para não dar essa decepção ao meu filho e à minha nora. Até agora não acredito que consegui, conta entre lágrimas dona Matilde depois de uma semana da cerimônia. Eu ainda me emociono, não consigo acreditar.
Acostumada com casamentos, a noiva também não conseguiu segurar a emoção que viveu em sua cerimônia. Eu via a alegria das pessoas em ver minha sogra ali, em nos ver felizes, em ver minha sogra viva. Quando entrei na igreja não aguentei foi uma emoção única na minha vida. A festa foi toda dela e ela estava linda, deslumbrante, conta.
Levei meu filho como se estivesse carregando uma joia. Com muito orgulho muita alegria. Eu percebia no rosto de cada um a felicidade de me ver. Essa doença te deixa meio desesperado, sabe? E foi a Heléia que me falou: dona Matilde a senhora vai ter que sarar para entrar com meu amor. Eu não esquecia isso e aconteceu.
Passados poucos dias do casamento, dona Matilde já tem outra data para se agarrar e esperar. Em junho do próximo ano a primeira neta, que vive com a mãe fora do país, retornará aos seus braços.
Eu não curti o casamento das minhas outras duas filhas por conta da doença. Agora não tenho mais nenhum motivo para não curtir a minha vida e a minha família. Estou muito feliz. E como no maior dos sonhos de dona Matilde, Heléia, agora Bitencurt e Carlos estão vivendo em lua de mel. Que assim seja por muitos anos.