Publicado em 15/09/2025 às 12:46, Atualizado em 15/09/2025 às 16:56

Santa Casa de Campo Grande suspende novas admissões do SUS por superlotação no dia da inauguração de reforma

Hospital aponta risco de desassistência em setores com ocupação até dez vezes acima da capacidade

Redação,
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Santa Casa de Campo Grande - Foto SidroNews

A Santa Casa de Campo Grande anunciou nesta segunda-feira (15) a suspensão imediata de novas admissões de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), alegando “superlotação grave” e risco iminente de desassistência aos que já estão internados. A decisão foi formalizada em ofício da Diretoria Técnica do hospital, divulgado no mesmo dia em que a instituição inaugura a primeira fase da reforma do pronto-socorro.

Lotação acima da capacidade

O documento aponta números alarmantes em diferentes setores:

Área vermelha adulta: 27 pacientes (7 intubados) para capacidade de 6;

Área verde adulta: 62 pacientes (26 aguardando leito de enfermaria e 36 em observação) para capacidade de 7;

Centro cirúrgico: pacientes aguardando leito, incluindo dois de UTI;

Pré-ortopedia: 51 pacientes à espera de procedimento;

Área vermelha pediátrica: 4 pacientes (um intubado) para capacidade de 3.

Segundo a direção, a medida é “extrema e excepcional”, autorizando apenas atendimentos de urgência ou emergência imediata, a serem avaliados em conjunto com o médico regulador. O ofício também exige ampla comunicação da suspensão a todos os setores responsáveis, para evitar encaminhamentos indevidos.

Justificativas e responsabilidade

A direção técnica justificou a medida com base em dois pontos principais:

Risco iminente de desassistência grave aos pacientes já internados;

Potencial risco de agravamento clínico e óbito caso novas admissões sejam feitas sem condições seguras de atendimento.

O hospital reforça que a decisão se apoia em responsabilidades éticas e legais da direção, prevista em normas profissionais, para intervir diante de ameaças à segurança do atendimento.

Reação interna e críticas

A paralisação gerou desconforto dentro da própria instituição. Um funcionário, sob anonimato, classificou a decisão como “absurda”, acusando a direção de priorizar a imagem da obra durante a cerimônia de inauguração do pronto-socorro, em vez de transferir pacientes para a nova ala.

“Eles vão inaugurar o pronto-socorro e junto com a inauguração mandam um ofício de bloqueio de entrada de paciente. (...) Eles podiam muito bem estar socorrendo o pessoal dos corredores, mas preferem mais a fachada do status do que realmente manter o atendimento”, disse.

O relato aponta que a determinação já provocou diversas discussões entre equipes médicas e de gestão.

Histórico de suspensões

Esta não é a primeira vez que a Santa Casa bloqueia admissões. Ao longo de 2025, a instituição já havia adotado medidas semelhantes por falta de insumos e ocupação além da capacidade. Em várias ocasiões, a situação mobilizou Centrais de Regulação, autoridades de saúde e órgãos de fiscalização, que realizaram visitas para avaliar a estrutura e o atendimento.

Contexto regional

A Santa Casa de Campo Grande é referência regional em atendimento de alta complexidade, mas opera há anos acima de sua capacidade projetada, principalmente em setores críticos. A direção reconhece que isso compromete a segurança dos pacientes e a humanização do atendimento.