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Santa Casa em colapso: Hospital suspende cirurgias e consultas eletivas

Com crise financeira, hospital prioriza apenas atendimentos de urgência e emergência

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A Santa Casa de Campo Grande, o maior hospital de Mato Grosso do Sul, enfrenta uma crise financeira severa e suspendeu consultas e cirurgias eletivas, funcionando praticamente como um megapronto-socorro. 

Com um déficit de R$ 158 milhões em 2024 e repasses atrasados da Prefeitura da Capital, a unidade restringiu seu atendimento a casos de urgência e emergência.

Diversas especialidades médicas foram afetadas pela decisão, incluindo ortopedia e cirurgia cardiovascular, áreas de grande demanda no hospital. Apesar da suspensão dos atendimentos ambulatoriais, o cenário dentro do pronto-socorro está longe de ser tranquilo. Pacientes com traumas ortopédicos lotam as dependências do hospital, inclusive corredores, sobrecarregando ainda mais a infraestrutura já comprometida.

De acordo com o diretor técnico da Santa Casa, William Leite Lemos, as reformas no setor de urgência e emergência agravaram a situação, exigindo a realocação de pacientes e aumentando a desorganização no fluxo hospitalar.

Superlotação e falta de estrutura

A Santa Casa opera acima de sua capacidade, com número insuficiente de leitos e profissionais. Para atender a demanda atual, pelo menos mais mil leitos deveriam ser implementados em Campo Grande, segundo a direção técnica do hospital. Atualmente, 70% dos pacientes atendidos são da Capital, enquanto 30% são transferidos de cidades do interior do Estado.

A superlotação é visível na área vermelha do hospital, projetada para atender seis pacientes, mas que frequentemente opera com o dobro de sua capacidade. O déficit de profissionais também é preocupante: seriam necessários pelo menos dois médicos por período, além de 12 enfermeiros e 48 técnicos de enfermagem para suprir a alta demanda.

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Fatores que impulsionam a crise

A direção da Santa Casa aponta que a alta demanda no pronto-socorro tem relação com o cenário pós-pandemia de Covid-19 e a precariedade dos serviços de saúde em municípios do interior. Muitas cidades não possuem estrutura para atender casos de média e alta complexidade, resultando na transferência de pacientes para a capital, o que sobrecarrega ainda mais a Santa Casa.

Casos clínicos que poderiam ser tratados em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Unidades Básicas de Saúde (UBSs) também acabam chegando ao hospital, agravando o problema.

Suspensão de cirurgias eletivas

A decisão de suspender as cirurgias eletivas foi tomada devido à falta de insumos e à necessidade de redirecionar recursos para os atendimentos emergenciais. Entre as especialidades afetadas estão urologia, ortopedia, cirurgia geral, neurocirurgia e cirurgia cardíaca adulta.

Segundo nota da Santa Casa, a falta de apoio do poder público e o aumento dos custos operacionais tornam difícil a manutenção dos serviços essenciais. A crise reflete a fragilidade do sistema de saúde da Capital e do Estado, evidenciando a necessidade de medidas urgentes para evitar o colapso total da instituição.

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