Publicado em 10/04/2015 às 09:44, Atualizado em 13/09/2024 às 19:19

Vereadores escondem prestação de contas e gastam verba indenizatória até nas férias

Vereadores usaram R$ 318 mil em três meses

Fagner de Olindo, Mídia Max

Segundo dados do Portal da Transparência da Câmara de Campo Grande, os vereadores gastaram R$ 318.347,84 com verba indenizatória só nos três primeiros meses de 2015. Segundo o portal, vereadores gastaram R$ 87.252,58 em janeiro; R$ 156.224,89 em fevereiro e R$ 74.870,37.

Este total pode ser ainda maior porque a Câmara não lançou gasto de todos os parlamentares. Cada parlamentar tem direito a gastar R$ 8,4 mil no gabinete, mas a prestação de contas disponível no site da Câmara não registra dados de todos os vereadores.  Ao fazer a consulta, a reportagem constatou que oito dos 29 vereadores não  possuem registro de gasto em janeiro, fevereiro e março. Porém, por telefone, Paulo Pedra (PDT), por exemplo, disse que tive gasto nos dois meses.

No mês de janeiro a maioria dos vereadores estava de férias. Dos 29, cinco estavam escalados para o plantão de fim de ano (Paulo Pedra, Carlão, Chiquinho Telles, Magali Picarelli e Ayrton do PT). Porém, outros seis utilizaram verba de gabinete: Cazuza (PP), Eduardo Romero (PTdoB), Edson Shimabukuro (PTdoB), Flávio César (PTdoB), Luiza Ribeiro (PPS), Mário Cesar (PMDB), Paulo Siufi (PMDB) e João Rocha (PSDB). 

O presidente da Câmara, Mario Cesar, é um dos vereadores que teve gasto no mês de janeiro fevereiro e março. Segundo prestação de contas, o vereador ocupou R$ 8.490,00 em janeiro, sendo R$ 5.690,00 para divulgação de atividade parlamentar, R$ 9.131,67 em fevereiro e R$ 8.843,05 no mês de março, extrapolando o valor máximo nos três meses.

Procurado pela reportagem, ele disse que a diferença é paga do bolso de cada vereador. Já em relação a vereadores que gastaram e que os dados não estão disponíveis, o vereador disse desconhecer, visto que, segundo ele, todas deveriam estar publicadas.

Airton Saraiva utilizou R$ 8.409,00 em janeiro, sendo R$ 7.318,00 para “digitação, manutenção de cadastro, impressões e mala direta” pagos para “Evalnir Leite Soares & Cia Ltda-ME”. Ele voltou a gastar toda a verba em fevereiro, quando acumulou despesa de R$  8405,57. Neste segundo mês o maior gasto foi de R$ 5.119,00, com serviços gráficos e material impresso.

João Rocha e Shimabukuro também estão na lista de vereadores que não estavam no plantão e ocuparam verba nos dois primeiros meses. João Rocha gastou R$ 8.399,19 em janeiro e R$ 8.391,14 em fevereiro. Nos dois meses a maior despesa foi com serviço contábil, totalizando R$ 8,3 mil. Já Shimabukuro gastou R$ 7.894,91 em janeiro e R$ 8399,42 em fevereiro, sendo a maior despesa com combustível, comprado no posto YONAMINE & CIA LTDA.

A lista dos que gastaram em janeiro inclui o vereador Paulo Siufi, R$ 8.292,42; Cazuza, R$ 8.428,91; Eduardo Romero (PTdoB), R$ 8.373,36; Flávio César (PTdoB), R$ 2.890,02; e Luiza Ribeiro, R$ 8.390,95.

A prestação de contas também revela investimento grande em consultoria técnica. Ayrton do PT investiu R$ 3 mil; Carlão, R$ 3.353,00; Thais Helena (PT), R$ 3 mil, Magali Picarelli, R$ 8,4 mil nos dois meses e Otávio Trad (PTdoB), que investiu R$ 5,5 mil na contratação da Real Brasil Consultoria LTDA em março e fevereiro, totalizando R$ 11 mil.

Esta coincidência também acontece na prestação de Magali Picarelli. A vereadora teve a mesma despesa nos três primeiros meses. Ela pagou R$ 4,2 mil para Edilson Primo Moreira ME, para consultoria e auditoria contábil, e R$ 4,2 mil para MURITIBA & NIUTOM JUNIOR ADVOGADOS ASSOCIADOS S/S para honorários advocatícios em janeiro, fevereiro e março, totalizando R$ 25,2 mil.

Os vereadores também investem muito dinheiro em divulgação de trabalho, embora a normativa proíba gastos de caráter eleitoral. Delei Pinheiro (PSD) gastou R$ 5,7 mil só com impressão em fevereiro. Cazuza (PP) investiu R$ 5 mil e Chocolate (PP) pagou 6.340,00 só para divulgação de atividade parlamentar. No caso de Chocolate, na prestação não há informação nem da empresa que ele contratou. A verba é garantida pelo ato de N.º 01/2013, da Mesa Diretora da Câmara, que estabeleceu o teto máximo para o gasto mensal.