Publicado em 29/11/2024 às 12:55, Atualizado em 29/11/2024 às 17:02
Dólar bate novo recorde em meio à desconfiança sobre pacote fiscal do Governo Lula
O dólar comercial disparou nesta sexta-feira (29), alcançando a máxima de R$ 6,11 às 10h16, marcando um novo recorde nominal frente ao real.
A escalada reflete a crescente desconfiança do mercado quanto ao futuro fiscal do Brasil, um dia após o governo detalhar um pacote de medidas que gerou reações negativas.
A moeda americana já vinha em alta desde quarta-feira (27), quando o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, antecipou as linhas gerais do pacote fiscal. Entre as medidas, destacam-se cortes de R$ 70 bilhões nos gastos públicos entre 2025 e 2026 e um acumulado de R$ 327 bilhões até 2030. No entanto, a isenção do imposto de renda para rendas de até R$ 5 mil — com impacto estimado em R$ 35 bilhões — causou ceticismo. A proposta depende de compensações futuras, como uma nova alíquota de 10% para rendimentos acima de R$ 50 mil, medida que ainda carece de aprovação legislativa e pode enfrentar resistências.
Na quinta-feira (28), o dólar já havia subido para R$ 5,98, rompendo uma barreira psicológica para o mercado. Nesta sexta, ao ultrapassar R$ 6,10, a preocupação com os impactos na inflação, aumento dos custos de importação e endividamento externo se intensificou.
Reação do mercado e desafios do governo
A volatilidade cambial expõe a percepção de que as medidas anunciadas pelo governo são insuficientes para enfrentar o desequilíbrio fiscal de forma estrutural. Economistas apontam que o mercado espera maior clareza sobre o compromisso do governo Lula com a responsabilidade fiscal e a implementação de uma política econômica consistente.
“A dependência de receitas incertas e a concessão de novos benefícios fiscais criam um ambiente de insegurança para investidores. O mercado precisa de garantias mais sólidas de que o governo controlará as despesas e cumprirá metas fiscais”, avaliou um analista econômico.
Impactos na economia
A alta do dólar tende a pressionar ainda mais a inflação, encarecendo produtos importados, como combustíveis e insumos industriais. Além disso, agrava o custo do serviço da dívida externa, aumentando os desafios para o equilíbrio macroeconômico.
O governo enfrenta o desafio de recuperar a confiança dos investidores em meio a um cenário de incertezas internas e externas. A manutenção da volatilidade cambial pode levar a ajustes mais rigorosos na política monetária, prolongando o período de juros elevados e impactando o crescimento econômico.
A resposta a essas questões será decisiva para determinar a trajetória da economia brasileira nos próximos meses.