Publicado em 17/12/2024 às 08:55, Atualizado em 17/12/2024 às 13:01
As expectativas de inflação e a percepção de risco aumentaram ainda mais a pressão sobre a moeda brasileira.
Nesta terça-feira (17), o Banco Central (BC) atribuiu a recente disparada do dólar, que alcançou R$ 6,09, a uma combinação de fatores internos e externos. Entre os principais motivos estão a reação negativa do mercado ao pacote fiscal anunciado pelo governo e a crescente percepção de risco no cenário econômico, o que resultou em uma forte valorização da moeda americana.
O pacote fiscal, divulgado pelo governo federal, gerou desconfiança entre os investidores. As medidas incluíram cortes de gastos e propostas como o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda. Segundo o BC, essas ações elevaram as expectativas de inflação e ampliaram as incertezas sobre o equilíbrio fiscal no médio prazo.
O Banco Central observou que, devido a esses fatores, a percepção de risco aumentou significativamente no mercado. Isso impactou diretamente a taxa de câmbio, os ativos financeiros e os juros futuros. As expectativas inflacionárias, que estavam parcialmente controladas, se deterioraram após o anúncio, colocando o cenário econômico como “desafiador”. O BC destacou que é essencial que as políticas fiscais sejam previsíveis e críveis para evitar novas pressões sobre o câmbio.
Além dos fatores internos, o cenário global também contribuiu para a alta do dólar. A desaceleração econômica, especialmente nos Estados Unidos, aumentou a aversão ao risco nos mercados emergentes. A percepção de fragilidade fiscal no Brasil fez com que os investidores procurassem proteção na moeda americana, pressionando ainda mais o real.
O BC tentou conter a alta da moeda através de intervenções no mercado cambial, vendendo US$ 1,6 bilhão à vista e realizando um leilão de linha de US$ 3 bilhões na segunda-feira (16). No entanto, essas ações não evitaram que o dólar fechasse o dia em R$ 6,09, um novo recorde.
Diante da deterioração do cenário econômico, o BC anunciou a elevação da taxa Selic para 12,25% ao ano, representando o terceiro aumento consecutivo. O Comitê de Política Monetária (Copom) também sinalizou que novas altas podem ocorrer no início de 2025, com o objetivo de controlar a inflação e estabilizar a taxa de câmbio.
A instituição alertou ainda que o repasse da alta do dólar para os preços internos tende a ser maior quando a demanda doméstica está aquecida e as expectativas inflacionárias estão desancoradas. O BC reforçou a necessidade de políticas fiscais alinhadas com a política monetária para evitar novos choques de juros e uma piora na situação econômica.
Com a desaceleração global e a incerteza nos mercados, especialmente nos Estados Unidos, o BC destacou que esses fatores contribuem para a valorização do dólar frente às moedas dos países emergentes.
Para o ano de 2024, a meta de inflação foi fixada em 3%, com uma variação entre 1,5% e 4,5%. No entanto, as projeções do BC indicam que a inflação deverá ultrapassar o teto da meta, o que reforça a necessidade de medidas mais restritivas.
Diante das incertezas fiscais e cambiais, o Banco Central concluiu que a política monetária deverá continuar rigorosa nos próximos meses. A instituição se comprometeu a monitorar os desdobramentos econômicos para ajustar suas ações e evitar que o cenário de instabilidade se aprofunde.