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Bebê que nasceu após mãe morrer em acidente tem alta médica em GO

Isabella estava internada desde que pais morreram atingidos por caminhão.Ela ficará com avó materna: ‘É como se fosse minha filha renascendo’.

(Foto: Paula Resende/ G1)
(Foto: Reprodução/ Ag. Mais)

Depois de nove dias internada, a menina Isabella Batista dos Anjos Oliveira, que nasceu após a mãe morrer ao ser atingida por um caminhão, recebeu alta na manhã desta quinta-feira (13) do Hospital Materno Infantil (HMI), em Goiânia. Com a roupa que a própria mãe tinha escolhido para a filha quando fosse dar à luz, um vestido rosa e branco, a recém-nascida deixou a unidade de saúde acompanhada por familiares. É um dia de muita alegria. Estou muito emocionada. É como se a minha filha estivesse renascendo. Ela vai ter duas mamães, diz a avó materna, a vendedora Maria de Lourdes Batista dos Anjos, de 55 anos.

Logo após o acidente que matou os pais, a menina foi encaminhada para a unidade de saúde com uma deformidade na tíbia direita e duas fraturas no lado esquerdo do corpo: uma na clavícula e a outra na região temporal. No entanto, segundo a chefe da divisão de pediatria do HMI, Tânia Mara de Carvalho, a criança passa bem e as fraturas não apresentam risco.

Os ossos fraturados vão colar sozinhos. Os cuidados com ela são os mesmos de qualquer criança recém-nascida, como tomar vacinas e ir ao pediatra constantemente, explicou a médica.

Antes de sair do hospital, os avós maternos e paternos assinaram o Termo de Entrega Sob Responsabilidade à Família Externa. O documento prevê que Maria de Lourdes cuidará da neta e do irmão de Isabella, de 5 anos, até que a tutela das crianças seja definida.

“Nós visitamos a casa da família, averiguamos a situação. Está tudo pronto para recebê-la. Acreditamos que ela e o irmão vão ter uma convivência familiar saudável”, informou o conselheiro tutelar da região noroeste, Basileu Magnólio da Silva. A família já iniciou o processo na Justiça para que a vendedora tenha a tutela dos netos.

Depois de assinarem os documentos, os familiares levaram Isabella para a casa de Maria de Lourdes, localizada no Setor Carla Cristina, na capital. Apesar da grande perda, Deus deu um presente para gente. Ela é linda, é uma benção. A gente quer o melhor pra ela e o irmão, afirma a avó paterna, Valdeci Lopes de Oliveira, que também acompanhou a saída da neta do hospital.

AcidenteO acidente em que Isabella nasceu aconteceu no último dia 4, no semáforo na Avenida Santa Maria, no Residencial Cidade Verde, em Goiânia. No 8º mês de gestação, a mãe de Isabella, Antônia Dulcimar Batista, de 27 anos, estava em uma motocicleta com o marido, Vladimir Lopes Oliveira, de 29 anos, quando o casal foi atingido por um caminhão. Eles estavam a caminho de uma unidade de saúde para marcar a última consulta do pré-natal.

Antônia morreu no momento do acidente e o bebê nasceu com o impacto da colisão. O pai da recém-nascida, que conduzia a motocicleta, chegou a ser socorrido consciente e levado ao Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). No entanto, ele morreu no mesmo dia durante uma cirurgia na unidade de saúde.

Imagens feitas por câmeras de segurança mostram o momento do acidente. No vídeo, é possível perceber quando um caminhão em alta velocidade atinge a carreta, que por sua vez atropela a motocicleta.

Um cinegrafista amador registrou a vítima com o bebê ao lado. Ele também gravou o momento em que a equipe do Samu chegou ao local. Ao perceber que a mãe tinha chances remotas de sobreviver, os socorristas atenderam primeiro o bebê.

InvestigaçãoO caminhoneiro que causou o acidente, de 36 anos, fugiu, mas voltou ao local da colisão com um advogado. Ele prestou depoimento na Delegacia Especializada em Investigações de Crimes de Trânsito de Goiânia (Dict) logo após o atropelamento. O motorista não ficou detido porque se apresentou espontaneamente à Polícia Civil. O teste de bafômetro apontou que ele não estava embriagado no momento do acidente.

A delegada responsável pelo caso, Silvana Nunes Ferreira, aguarda o laudo pericial para concluir o inquérito. No depoimento das testemunhas não houve divergência. Só com a perícia poderemos concluir se houve problema mecânico nos freios ou se o caminhoneiro foi imprudente, afirma.

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