Publicado em 08/06/2015 às 09:16, Atualizado em 26/10/2016 às 12:15

Em um mês, 15 pessoas foram executadas na região de fronteira de MS

, O Estado Online
Em Ypejhú, cidade paraguaia que faz divisa com Paranhos, três pessoas foram assassinadas em abril. (Foto: Internacional News)

Até junho deste ano, ao menos 44 pessoas foram vítimas de execuções nas cidades que ficam na fronteira entre Mato Grosso do Sul e o Paraguai ou a Bolívia. Somente entre 9 de maio e 2 de junho foram 15 assassinatos. Se comparado com o ano anterior, quando houve 19 vítimas, o número representa um aumento bastante significativo deste tipo de crime. A polícia acredita que grande parte dos assassinatos não é aleatória, mas, sim, motivadas por acertos de contas entre pessoas envolvidas com o narcotráfico.

Os municípios mais violentos, conforme levantamento feito pela reportagem de O Estado com base em casos noticiados pela imprensa, são Ponta Porã, no Brasil, e Pedro Juan Caballero e Bella Vista Norte, no Paraguai, que possuem divisão territorial invisível entre os dois países. O limite é demarcado por meio apenas de uma rua ou avenida.

O período da colheita das plantações de maconha no país vizinho seria a explicação para a onda de violência nessas regiões, pois segundo a Polícia Civil, é quando as ações dos chefes do tráfico internacional são intensificadas.

As últimas mortes aconteceram na terça-feira (2), quando três pessoas foram alvos de vários tiros de uma pistola 9 milímetros, em uma fazenda de Bella Vista Norte, cidade paraguaia ao lado de Bela Vista – a 356 km de Campo Grande. Entre os mortos estava o brasileiro Osmar Franco Dauzacker, 57, e um casal de paraguaios, Antonio Martines, 35, e Marciana Gómez, 26. Em 2008, a Polícia Federal havia encontrado 1 tonelada de maconha no posto de combustíveis que pertencia a Dauzacker.

Menos de 48 horas antes, na mesma cidade, Lilia Graciela Cenoz, 18, e Pantaleon Martines, 44, foram assassinados em um local onde funcionaria uma “boca de fumo”. Em Ponta Por㠖 a 329 km da Capital –, Ricardo Carvalho Cristaldo, 39, foi baleado dentro de seu carro, durante o dia e no centro da cidade. A vítima já tinha sido presa por tráfico de drogas, mas foi solta no ano passado. Os autores dos crimes ainda não foram identificados.

Segundo delegado, pistoleiros “ganham bem” para cometer crimes

O delegado da 1ª Delegacia de Polícia Civil de Ponta Porã, Lucas Soares Caires, afirma que esse tipo de crime é mais difícil de ser solucionado. “Geralmente são pistoleiros, pessoas com perícia e material suficientemente bons para não serem descobertos, ganham muito dinheiro para fazer as execuções”.

O delegado explica que quando o homicídio é passional, a resolução é de quase 100% dos casos, porcentagem que cai para quase zero quando se trata das execuções, principalmente quando o autor não é descoberto até as primeiras 24 horas.

A dificuldade em achar os mandantes ou autores dos crimes é grande pelo fato de que os criminosos “somem” Paraguai adentro.