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Gravação da PF mostra funcionária da Saúde cobrando propina em MS

Suspeita é presa após pedir R$ 150 mil para liberar emendas e acelerador.

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Uma gravação feita pela Polícia Federal (PF), com autorização da Justiça, mostra uma consultora técnica do Ministério da Saúde negociando propina com o diretor-presidente do Hospital de Câncer (HC) de Campo Grande, Carlos Coimbra, que denunciou o caso. A suspeita foi presa em flagrante após receber cheques referentes ao pagamento de R$ 100 mil.

Em nota enviada ao G1, o Ministério da Saúde informou que “a colaboradora terceirizada foi imediatamente desligada de suas funções e que comissão interna de investigação apurará o caso para apoiar a Polícia Federal”.

Na gravação, a consultora técnica negocia o pagamento de R$ 100 mil. O valor seria a segunda parte de uma propina que garantiria a liberação de R$ 1 milhão em emendas parlamentares e a compra de um acelerador linear para radioterapia, que custa R$ 3,6 milhões. A suspeita conversa com o diretor-presidente do HC.

Carlos Coimbra: aqueles cinquenta que eles tinham pedido, que eles tinham... que foi depositado direitinho. Faltou cem... está faltando cem.

Consultora técnica: aham. (é um som que ela faz concordando)Coimbra: e esses cem que eu queria ver se você me ajudava com alguma coisa, se eu podia diminuir isso, se não tem como diminuir...Consultora: não consigo! Estou esmagada. Eu vim aqui por causa disso.

O caso começou a ser investigado em maio, quando o diretor do hospital foi a Brasília para saber quando seriam liberados o equipamento e a verba federal. “Foi quando ela solicitou pedido de propina no valor de 50 mil reais para emenda de um milhão de reais, para aquisição de equipamentos, e 100 mil reais para a liberação do equipamento acelerador linear”, relatou Coimbra.

Com autorização da Justiça Federal, o diretor pagou a primeira parte da propina. Esta semana, em uma sala do Hospital de Câncer, a consultora do ministério aceitou receber o restante parcelado em cheques. A funcionária do órgão ajudou a preencher os cheques e foi surpreendida pela PF quando guardou tudo na carteira.

A suspeita foi indiciada por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A PF tem 15 dias para concluir o inquérito. Segundo o superintendente da PF em Mato Grosso do Sul, Edgar Marcon, as investigações continuam para saber, entre outras coisas, se mais pessoas estão envolvidas no golpe.

“Ela declarou que trabalha em um grupo de aproximadamente 15 pessoas cuja incumbência tem avaliar e fazer a liberação de propostas de emendas para aquisição de equipamentos. Nós vamos continuar investigando para definir toda a participação dela e eventuais outras pessoas”, declarou Marcon.

O Ministério da Saúde afirmou, em nota, que o papel da ex-consultora consistia em auxiliar na elaboração de pareceres técnicos, mas sem poder decisório sobre a aprovação ou rejeição de projetos e a liberação de recursos.

“Com relação aos investimentos no Hospital de Câncer Alfredo Abrão, é importante destacar que o projeto foi apresentado pelo próprio hospital ao Ministério da Saúde e que seu andamento depende de aprovação também do estado e dos municípios, por meio da Comissão Intergestores Bipartite (CIB)”, informou a nota do órgão.

Ainda de acordo com o ministério, até o momento, não houve liberação de recursos federais para o projeto do HC, cujo processo de análise técnica ainda não foi concluído.

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