Publicado em 28/04/2014 às 07:40, Atualizado em 26/10/2016 às 09:36

Mãe diz que não consegue matricular menina com alergia na rede pública

Secretaria de Educação teme que professor não possa socorrer a garota.Médica garante que alergia não impede criança de estudar, em Catalão, GO.

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(Foto: Arquivo pessoal)

A família de Maria Júlia Ferreira dos Santos, de 4 anos, trava uma batalha para que a criança consiga uma vaga em uma unidade de ensino de Catalão, no sul de Goiás. Segundo a mãe da garota, Claudia Ferreira, 42, a menina não pôde ser matriculada nas unidades públicas porque sofre de alergia alimentar múltipla.

Enquanto a mãe e a médica que acompanha a criança desde o nascimento afirmam que a doença não deve impedi-la de frequentar a escola, a Secretaria Municipal de Educação afirma que, mesmo disponibilizando professor de apoio para acompanhar a criança, ele não teria conhecimentos técnicos para aplicar corretamente a medicação necessária.

Sem a vaga nas escolas públicas, a família buscou ajuda em uma escola particular de Catalão. Segundo a mãe, a unidade de ensino aceitou a criança e ofereceu uma bolsa de estudos parcial para Maria Júlia. O primeiro dia de aula dela aconteceu na última quarta-feira (23).

Porém, para a mãe de Maria Júlia, a conquista da vaga não apagou o sentimento que teve ao ter a matrícula nas instituições públicas negada. “Me senti discriminada, como se eu fosse a última criatura da terra, como se minha filha não tivesse direito a nada e ninguém fosse lutar por ela. Senti como se eu fosse culpada da Maria Júlia ter nascido com problema”, lamenta Claudia.

ReaçãoSegundo a médica que acompanha Maria Júlia, a especialista em alergia Juliana Lima Ribeiro, se a criança ingerir algum alimento a que tem alergia, ela pode ter problemas como falta de ar e desmaio.

“A gente não pode achar que nunca pode acontecer algo mais grave porque a reação alérgica é imprevisível. Os professores ficam com medo, mas a recomendação é que a criança seja observada para não comer algo que não pode, mas isso não significa que eles não possam recebê-la. Maria Júlia não só pode como merece estudar, merece educação”, afirma.

A médica explica ainda que a criança carrega o tempo todo uma espécie de caneta com um medicamento que deve ser injetado no caso dela ingerir um alimento e sofrer uma reação. Segundo Juliana Ribeiro, caso necessário, a aplicação poderia ser feita por professores da unidade de ensino.