Buscar

Escritor com paralisia cerebral vive sem limites

Carlos Eduardo é autor de três livros e percorre o País para ministrar palestras

Cb image default

Marco Miatelo

Carlos Eduardo Viviane, 40 anos, ou apenas Carlinhos, é dessas pessoas que te sacodem por dentro em poucos minutos de conversa. Ele tem paralisia cerebral, é cadeirante, mas afirma viver sem limites. Autor de três livros, sendo que o último teve todas as unidades vendidas, ele percorre o Brasil ministrando palestras motivacionais. “Meu objetivo é mostrar que todos somos capazes. Se eu consegui, todos conseguem”, assegura. 

O escritor está passando uma temporada na entidade Cotolengo, em Campo Grande, onde conversou com a reportagem do Diário Digital. A história de Carlinhos é marcada por preconceito, superação e reconhecimento crescente. Sua autobiografia escrita em 2011 tem como título Sem Limites e está esgotada. Carlinhos nasceu com paralisia cerebral e completamente sem movimentos. Seus pais, moradores de rua em São Paulo, o entregaram aos cuidados da Febem e, anos mais tarde, ele acabou no Cotolengo paulista. “Ninguém acreditava em mim, nem mesmo os padres”, conta. Porém, o esforço dele nos exercícios de fisioterapia e fonoaudiologia, trouxeram resultados surpreendentes.

A fala e o início da alfabetização vieram a partir dos 14 anos. Ainda na adolescência, ele descobriu a vocação para fazer poemas. “Ficava pensando nas palavras e vendo que elas rimavam”, relembra. No início, ele começou a colocar as palavras no papel com ajuda de amigos que escreviam o que ele ditava, depois, com a evolução na fisioterapia, ele mesmo já conseguia escrever. “Antes eu me esforçava com o lápis na mão, hoje eu uso computador. Ficou mais fácil”, relata. 

O primeiro livro foi escrito em 2004 e chama-se Corações à Procura de Intérprete. Dois anos depois, ele escreveu o Reflexo da Alma. “Nos meus poemas, falo sobre amor, violência e sobre um pouco de tudo o que há no mundo”, menciona. 

Seu talento para a escrita e comunicação logo chamaram atenção do Senai, órgão no qual, ele palestrou por 10 anos. As palestras motivacionais são mais do que uma injeção de ânimo nas pessoas. 

Segundo Carlinhos, elas têm poder transformador. “Já houve casos, de pessoas que reencontrei anos depois da palestra e que vieram me contar que mudaram de vida. Isso é algo que não tem preço”, valoriza. Nos encontros, Carlinhos basicamente fala sobre sua história, o que por si só arranca lágrimas das plateias. 

Porém, o ponto principal é testemunhar que ele foi capaz de mudar a própria história, vencendo suas limitações. “Por vezes, a pessoa sequer tenta alcançar um objetivo, porque ela não se sente capaz. Então se acomoda acreditando que de nada adiantaria tentar. Insisto que é preciso tentar muitas vezes se for preciso. 

A minha evolução é uma prova concreta de que com o esforço muito se pode conseguir.” Preconceito – Guerreiro, Carlinhos não de se deixou abater pelos preconceitos. Contudo, viveu muitas situações que o magoaram. “Um dia, eu entrei num ônibus lotado em São Paulo e um grupo de adolescentes começou a rir de mim. Eles diziam ‘olha aí o aleijado’. É o tipo da atitude que não se pode tomar. Hoje você anda e é bonito, mas ninguém sabe o dia de amanhã”, menciona. Apesar dos episódios de discriminação, Carlinhos segue feliz pelo que a vida lhe deu de bom. 

Suas palestras motivacionais já o levaram ao Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais e outros estados. “Não tenho limites, vou mesmo para qualquer lugar. Acho que Deus me deu uma missão e vou cumpri-la”, afirma. Carlinhos também é muito presente nas redes sociais especialmente através de seu perfil no Facebook. Ele se diz realizado pelos amigos que conquistou ao longo da vida. "Só não tenho namorada ainda, mas um dia eu acho", brinca.

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.