Publicado em 24/07/2015 às 15:45, Atualizado em 26/10/2016 às 12:41
Segundo a polícia canadense, Thye Mattos Bezerra estaria envolvido em assédio a mulher em Toronto, na última semana. CBDA diz que atleta alegou inocência
Thye Mattos Bezerra, goleiro reserva da seleção brasileira de polo aquático, foi acusado de abuso sexual durante os Jogos Pan-Americanos de Toronto. Em coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira, a polícia canadense afirmou que o atleta teria abusado de uma mulher de 22 anos em sua casa, no último dia 16, quinta-feira, um dia depois da derrota brasileira para os Estados Unidos na final da competição. A identidade da vítima foi preservada, e a ordem de prisão contra o brasileiro já foi emitida. Em um cartaz divulgado pela polícia local, a informação é exibida: A polícia acredita que podem ter outras vítimas.
De acordo com o coordenador da seleção brasileira de polo aquático, Ricardo Cabral, o atleta brasileiro admitiu ter se relacionado com a suposta vítima durante o Pan de Toronto. No entanto, afirmou ser inocente e que a relação teria sido consensual.
Segundo Joanna Beaven-Desjardins, inspetora de crimes sexuais da polícia de Toronto, Thye, acompanhado de um amigo, também atleta da seleção brasileira de polo aquático, teria ido à casa da vítima no dia 16 de julho. O horário não foi informado, mas o crime teria ocorrido durante a madrugada ou pela manhã. Lá, teria se aproveitado que a mulher estava dormindo e abusado sexualmente da vítima. Na sequência, ele e o colega teriam ido embora do local. O outro atleta que estaria presente não é suspeito na investigação. A inspetora não quis dar mais detalhes do caso.
Thye não estaria usando o uniforme do Time Brasil no momento do crime. A vítima, no entanto, teria reconhecido o goleiro e feito a queixa. Segundo a inspetora, a polícia tem 100% de certeza sobre o envolvimento do atleta.
Evidências nos levaram a essa acusação e a saber que ele era membro da equipe de polo aquático do Brasil afirmou.
Joanna Beaven-Desjardins já entrou em contato com as autoridades brasileiras e afirmou contar com o apoio delas para a extradição do jogador. Ao saber que ele está em Kazan, na Rússia, para a disputa do Mundial de Esportes Aquáticos, ela disse que vai se informar para avaliar uma possível prisão no local. Thye corre o risco ainda de ser detido caso, no retorno ao Brasil, passe por algum país que tenha acordo de extradição com o Canadá, como Itália e França.
Caso seja extraditado, o atleta será levado a julgamento com júri, com pena máxima de 15 anos. Ao falar sobre a punição, a inspetora chegou a ironizar o tratamento dado pelo Brasil a casos de abuso sexual.
Não sei como isso é tratado no Brasil, mas aqui no Canadá, é crime e muito sério. Punido com prisão e rigor disse.
Após o fim do Pan, Thye seguiu com a delegação brasileira para Kazan. Nesta sexta, o goleiro treinou normalmente com a equipe, na Rússia. A reportagem do GloboEsporte.com tentou o contato com a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), mas não teve sucesso. Já a Embaixada do Brasil no Canadá, sediada em Ottawa, no estado de Ontario, preferiu não se pronunciar. O setor não conta com assessoria de imprensa no país, apenas em Brasília, no Itamaraty. O embaixador do Brasil no Canadá é Pedro Fernando Brêtas Bastos. A embaixada não quis informar se o COB entrou em contato para informar sobre a acusação.
Pode ter havido outras vítimas. Por isso, as imagens dele estão sendo divulgadas. Caso alguém saiba de algo mais, entre em contato afirmou a inspetora.
Como em todos os grandes eventos esportivos, o COB contrata um escritório de advocacia para o período da competição. Os advogados canadenses já foram comunicados sobre o incidente, mas o COB preferiu não divulgar o nome da empresa. Thye, de 27 anos, nasceu no Rio de Janeiro. O goleiro da seleção atua pelo Clube Paulistano, de São Paulo.