Publicado em 22/11/2016 às 15:20, Atualizado em 13/09/2024 às 19:23

Governo do Rio Grande do Sul decreta estado de calamidade financeira

Correio do Estado,
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Divulgação

Em grave crise financeira, com dificuldades para pagar salários e dívidas, o governo do Rio Grande do Sul decretou nesta terça-feira (22) estado de calamidade financeira.

O decreto, publicado em Diário Oficial, cita a crise da economia brasileira, com queda estimada de 7% no PIB (Produto Interno Bruto) em dois anos, e afirma que ela trouxe "trágicas consequências" para a situação financeira do Estado, sua arrecadação tributária e capacidade de financiamento.

Com a medida, o governo ganha uma "margem de manobra", e fica autorizado a parcelar ou atrasar o pagamento de dívidas, suspender gastos não essenciais e fazer compras sem licitação em caso de emergência, além de poder receber ajuda federal.

A calamidade financeira é uma medida semelhante ao estado de calamidade pública, e está prevista na Lei de Responsabilidade Fiscal. Ela também permite que o Estado seja dispensado das metas fiscais estabelecidas na lei orçamentária, como limite de gastos com pessoal e de dívidas —mas, para isso, o decreto precisa ser reconhecido em votação pela Assembleia.

Sem dinheiro, o governo gaúcho tem parcelado os salários dos servidores desde o início do ano. A segurança pública é uma das áreas que mais sofre: policiais estão desmotivados, sem horas extras e, em alguns casos, sem gasolina. O efetivo diminuiu, e uma onda de crimes se instalou no Estado.

Na segunda (21), o governador José Ivo Sartori (PMDB) já havia anunciado a extinção de 11 órgãos, a redução de secretarias e a privatização de três companhias estatais -as medidas ainda precisam ser aprovadas pela Assembleia, onde o governo enfrenta também um processo de impeachment proposto por movimentos sindicais, que se insurgiram contra o que chamam de "pacote de maldades".

"O Estado que queremos deixar para nossos filhos e netos depende de escolhas difíceis, decisões firmes e esforços redobrados", disse Sartori nesta segunda, ao anunciar as medidas fiscais.

Ele defendeu que o Estado diminua de tamanho, e que se faça um debate com a sociedade sobre o que o governo suporta pagar. "Nós defendemos que o novo Estado gradativamente se volte à segurança, saúde, educação, infraestrutura e às áreas sociais. Tudo o que não dialogar com esses propósitos, de servir às pessoas, especialmente aquelas que mais precisam, não deve onerar as contas públicas", afirmou.

O peemedebista irá se encontrar nesta terça com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e com outros governadores para tratar de socorro financeiro aos Estados em dificuldade, que ainda não sabem como vão pagar o 13º salário, entre outras obrigações.