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Motorista de ambulância chora ao lembrar da morte de bebê que teve atendimento recusado por médica

Médica já responde por homicídio culposo, mas ainda pode ser indiciada por homicídio doloso, diz delegada. Bebê morreu de broncoaspiração ficar sem atendimento.

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Divulgação

O motorista da ambulância da empresa Cuidar, que levou a médica Haydée Marques da Silva, de 59 anos, para prestar atendimento a um bebê de 1 ano e meio, na quarta-feira (7), chorou ao lembrar da recusa da médica e da morte da criança. A médica é investigada por homicídio culposo, sem a intenção de matar, mas ainda pode responder por homicídio doloso, segundo a polícia.

"Ela ficou descontrolada e começou a gritar comigo. Disse que não faria o atendimento. E tomou essa decisão porque não era pediatra, não porque havia dado o horário dela. Nunca vi médico nenhum agir dessa forma", disse o motorista Robson Almeida, que foi às lágrimas ao ser questionado sobre como se sentiu aio receber a notícia da morte da criança.

Motorista Robson Almeida

O bebê Breno Rodrigues Duarte Silva, que foi enterrado na quinta-feira (8), morreu de broncoaspiração, depois de ter aspirado o próprio vômito. A criança, que estava em internação domiciliar – e por isso, só poderia ser transportada em ambulância - começou a passar mal de uma gastroenterite.

“Chegamos lá e pedimos que o porteiro anunciasse a nossa chegada. Enquanto o porteiro anunciava a nossa chegada, a doutora perguntou à técnica qual seria o nome do paciente e ela foi falando. Quando chegou na idade, ela começou a gritar comigo, colocando o dedo na minha cara”, lembra Robson.

Ainda segundo ele, a médica afirmou que não atenderia nenhuma criança e que iria embora. “Achei um absurdo, uma pessoa que é estudada, uma médica, agindo dessa forma. Eu acho que é errado. Aquele papel que ela rasgou é um boletim que eles fazem quando vão para a casa do paciente, que eles preenchem tudo, para poder pegar pressão arterial, ela pegou e rasgou", lamentou o motorista.

Médica já havia agredido paciente em 2010

De acordo com a delegada responsável pelo caso, Isabelle Ponti, a médica já responde por homicídio culposo, mas a tipificação do crime pode mudar.

"Por enquanto, ela responde pelo crime de homicídio culposo, mas essa condição pode mudar para homicídio doloso, ou seja, com intenção. Isso pode acontecer caso fique comprovado que a médica não tenha observado as normas técnicas da profissão e esse comportamento tenha provocado a morte da criança", explicou a delegada.

Ainda de acordo com a delegada, a médica já havia agredido uma paciente durante um atendimento em 2010. "Ela arranhou uma paciente durante uma consulta. O caso chegou à Justiça, mas não foi à frente".

Além de Robson, são aguardados para prestar depoimento na manhã desta sexta-feira (9) a médica e o porteiro do com condomínio onde a família mora.

No dia em que o bebê começou a passar mal, os pais chamaram uma ambulância, que chegou ao condomínio às 9h10. Imagens da câmera de segurança do prédio mostram Haydée rasgando papeis dentro da ambulância e indo embora três minutos depois, sem sequer descer do carro. A criança morreu às 10h26.

A Cuidar, que presta serviços para a Unimed-Rio, disse que afastou a médica Haydée Marques da Silva, de forma definitiva. E o Conselho Regional de Medicina (Cremerj) disse, em nota, que vai abrir sindicância para apurar o caso.

A delegada que presidiu o inquérito no momento do registro informou que a médica, na situação em teriam ocorrido os fatos, poderá responder por homicídio culposo com aumento de pena por inobservância de regra técnica de profissão.

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