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Rodas de conversa sobre arte e cultura ganham mais espaço na Capital

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No Espaço Colaborativo Brava, a professora Maria Adélia Menegazzo falou sobre a produção artística presente na 32a Bienal de São Paulo - Kenzo minata/DIVULGAÇÃO

Um bom assunto e um grupo de pessoas com interesses em comum – nada mais é necessário para iniciar uma longa conversa. Esse bate-papo flui naturalmente no cotidiano, mas também pode acontecer com data, horário e local marcados, nas reuniões conhecidas como rodas de conversa. Aos poucos, os espaços culturais de Campo Grande começam a se abrir e dar condições para que elas aconteçam.

A arte é campo fértil para esse diálogo. Exposições, literatura, música, moda e cinema foram alguns dos assuntos explorados ao longo deste ano, em locais como livrarias, casas colaborativas, universidades e bares da Capital. As oportunidades ainda não são tão frequentes, por isso é preciso buscar informações e se agendar com antecedência.

Por aqui, rodas de conversa acontecem há mais tempo em livrarias, em entidades como o Sesc e nas universidades Federal e Estadual de Mato Grosso do Sul (UFMS e UEMS). Recentemente, bares e espaços culturais colaborativos também começaram a promovê-las. Esses pontos centralizados são os mais conhecidos, mas elas ainda ganham espaço em outros locais mais dispersos, públicos e particulares, contudo com menor frequência.

TROCA

Atrair pessoas dispostas a adquirir conhecimento – essa ideia das rodas de conversa é a mesma das famosas palestras motivacionais e também técnicas, que trazem personalidades conhecidas pelos públicos e lotam auditórios. Só que, diferente de um evento grande, elas são mais intimistas e informais – geralmente reúnem cerca de 50 pessoas, no máximo, e têm maior abertura à participação. Isso é vantagem para quem está em busca também da troca de informações e de debates.

Para a professora aposentada Maria Adélia Menegazzo, arte ainda é um assunto que se discute pouco na cidade. Ela sempre topa convites para coordenar rodas de conversa e dividir o que sabe sem cobrar nada, com o intuito de auxiliar na formação de um público com capacidade de absorver mensagens com maior aproveitamento. Reconhece que esse tipo de experiência é bom tanto para ela quanto para quem a escuta, não importa o número de presentes.

Doutora em Letras, Mária Adélia já reuniu pessoas em torno de assuntos como literatura, psicanálise e arte contemporânea. Falar sobre esses campos da expressão humana é, segundo ela, “oportunidade de pensar sobre determinados aspectos da vida, do pensamento, do sentimento e do cotidiano que jamais seriam pensados se não houvesse arte, porque só a arte nos faz parar para pensar neles”.

A professora e a escritora Raquel Naveira, de Campo Grande, são duas das convidadas que sempre participam dos encontros que ocorrem na livraria Leparole, na Capital, uma vez por semana. Eles são realizados desde 2011, em um espaço com poltronas e retroprojetor, que comporta 14 pessoas.

A intenção da proprietária da livraria, Renata do Valle, é continuar promovendo as rodas de conversa e deixar o espaço sempre aberto aos clientes e não clientes para a troca de ideias e para a interagir e conhecer outras pessoas. Universitários e profissionais de diferentes áreas, interessados em certo assunto ou apenas curiosos, estão sempre por lá.

“O interessante é que reunimos várias tribos, pessoas que querem debater determinado tema, sem ter que voltar para academia. Não é uma aula, é uma troca. Em geral, é um movimento saudável, que tende a crescer”, comenta Renata.

FILME E CAFÉ

A sétima arte também rende boas conversas em cineclubes, geralmente depois que os filmes terminam. Neste ano, eles promoveram diversas mostras no Museu da Imagem e do Som, e algumas até surpreenderam e excederam a capacidade da única sala de exibição que há no local.

A advogada Kézia Miranda é uma das fundadoras do cineclube CineCafé, criado em agosto deste ano. Ele exibiu cinco filmes até agora, com entrada café e chá gratuitos aos interessados. “Procuramos ocupar espaços públicos para assistir e falar de cinema. Destacamos grandes diretores, damos destaques aos aspectos políticos, filosóficos e estéticos dos filmes, mas sem entrar muito na questão técnica para que todos possam acompanhar o debate, no final”, explica.

A ideia de criar o CineCafé surgiu depois que um amigo comentou que não conhecia clássicos do cinema. Kézia e outros 10 amigos decidiram, então, organizar o cineclube para oferecer oportunidade para que mais pessoas os conheçam e troquem suas impressões sobre eles.

Para ela, o contato com o cinema é um meio de transformação cultural. “Ele nos mostra conceitos e realidades que muitas vezes não são acessíveis às pessoas e abre um novo olhar e uma nova condição. O filme trabalha como ponte, ultrapassa os estados da consciência”. Os resultados das exibições têm sido positivos. Desde adolescentes estudantes do Ensino Médio a pessoas com conhecimento técnico sobre cinema discutiram de igual para igual os temas que atravessam os enredos escolhidos, e produziram discussões interessantes.

CULTURA EM GERAL

Outro espaço local aberto às conversas é a Brava, casa cultural colaborativa criada neste ano, que promove exposições, shows, workshops e também rodas de bate-papo. Moda, arquitetura, arte contemporânea, música e a arte cênica dentro da psicologia já foram discutidos.

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