Publicado em 14/09/2016 às 14:04, Atualizado em 26/10/2016 às 16:00

Siamesa morre durante cirurgia de separação de urgência, em Goiânia

, G1
(Foto: Divulgação/HMI)

A gêmea siamesa Ana Júlia Guedes Cordeiro Vieira, que nasceu unida pelo tórax e abdômen com a irmã, morreu durante uma cirurgia de separação de urgência no Hospital Materno Infantil (HMI), em Goiânia. A operação foi feita na terça-feira (13) após o bebê desenvolver um quadro de infecção generalizada. A outra criança, Débora, de quatro meses, sobreviveu e está internada em estado gravíssimo.

As meninas nasceram no dia 2 de maio de 2016. Elas compartilhavam o fígado e uma membrana do coração. “Desde que nasceram elas nunca estiveram bem. Sempre entubadas. A maior delas [Ana Júlia] vivia em função da menor, que era mais resistente. Desde domingo [11] a Ana Júlia apresentou um quadro de infecção, suspeitamos que por uma pneumonia, e foi piorando. Ela desenvolveu um quadro de infecção generalizada e começou a ter falência de órgão e precisamos fazer a separação para salvar pelo menos uma”, explicou o médico Zacharias Calil.

Débora sobreviveu à cirurgia e está internada na UTI pediátrica em estado gravíssimo, mas estável. Ela respira com ajuda de aparelhos e também precisa de doação de sangue.

A cirurgia durou pouco mais de seis horas e envolveu uma equipe com 15 profissionais. “Nossa maior preocupação era com o coração. Os exames mostravam que eles estavam quase unidos e podia passar o sangue de uma para a outra e infeccionar a Débora”, explicou o responsável pela separação.

Não estão previstos outros procedimentos cirúrgicos em Débora até que ela se recupere. Calil relatou ainda que não há como precisar quais a chances de vida do bebê, “porque o pós-operatório é imprevisível”.

Casos de siamesesJá foram feitos 34 atendimentos de gêmeos siameses no HMI, sendo que houve a cirurgia de separação em 17 dos casos. Calil explicou que, na literatura mundial, a taxa de sobrevivência dos bebês é entre 20% e 30%. Entretanto, em Goiânia, a taxa de sobrevivência chega a 50%.

Para o médico, nos últimos anos tem aumentado o número de casos. “Até 1999, não ouvíamos falar em siameses. De lá para cá, já foram mais de 30 casos aqui. Até porque o hospital virou referência nacional desse tipo de situação. Mas alterações ambientais como uso de agrotóxico e contaminação do solo e da água estão fazendo aumentar o número de bebês siameses”, relatou Calil.