O contato presencial ajuda a reduzir os níveis de solidão em pessoas mais velhas. Já outras formas de manter contato, como telefonar, enviar e-mails ou mensagens de texto, não são tão eficazes, afirmam pesquisadores da Universidade do Texas em Austin e da Universidade de Michigan.
Os resultados de um estudo, divulgados hoje no The Journals of Gerontology: Series B Psychological Science, têm implicações para a saúde e o bem-estar de muitas pessoas mais velhas.
Eles ligam, mas a solidão não diminui
"Estávamos interessados em ver como os adultos mais velhos reagem quando estão solitários e os efeitos que diferentes tipos de contato social têm sobre essa solidão", disse Shiyang Zhang, coautor do artigo e pós-doutorando em desenvolvimento humano e ciências da família da Universidade do Texas, nos EUA.
"Descobrimos que, quando os adultos mais velhos se sentem solitários, eles são mais propensos a pegar o telefone e ligar para alguém. Mas as visitas presenciais foram o único tipo de contato que realmente diminuiu os níveis de solidão relatados."
Vantagens do contato social regular
Os cientistas sabem há muito tempo que o contato social regular é importante para a saúde mental e física e contribui para a longevidade na terceira idade, enquanto a solidão tem sido associada a doenças cardíacas, declínio cognitivo e até morte prematura.
Embora muitos adultos mais velhos enfrentem condições crônicas de saúde e problemas de mobilidade que podem dificultar o contato cara a cara, o novo estudo sugere que o contato presencial é um componente importante de qualquer esforço amplo para combater a solidão em adultos mais velhos.
Antes da pandemia
O estudo foi conduzido na área de Austin, no Texas, em 2016 e 2017, antes da pandemia de Covid-19 expandir o uso de comunicações digitais para muitas pessoas e aumentar os níveis de isolamento para muitos idosos. Porém, mesmo após a pandemia, uma proporção considerável de adultos mais velhos não possui smartphones ou usa a internet.
O estudo acompanhou mais de 300 pessoas com mais de 65 anos e perguntou a elas, a cada três horas de vigília, sobre os níveis de solidão e contato social, incluindo se esse contato social foi presencial, por telefone ou digital, definido pelos pesquisadores como envio de mensagens de texto ou conexão via redes sociais.
Qualquer contato presencial vale
O estudo também examinou se o contato social era entre pessoas com laços sociais fortes ou fracos. Os pesquisadores descobriram que, quando os adultos mais velhos se sentiam solitários, eram mais propensos a procurar seus amigos e familiares mais próximos.
Acontece que o contato presencial — mesmo com alguém com quem tinham apenas laços fracos, como um conhecido — foi mais preditivo de níveis mais baixos de solidão do que, por exemplo, uma ligação telefônica com um membro da família ou amigo com quem os laços eram mais fortes.
“Embora o contato telefônico esteja disponível na maioria das vezes e ofereça aos idosos oportunidades de conexões sociais quando se sentem solitários, parece que o contato telefônico pode não ser tão eficaz na redução da solidão quanto o contato presencial”, disse Zhang.
O contato telefônico e digital não proporciona aos idosos a mesma proximidade emocional e conforto que o contato presencial. Simplesmente não é um substituto.”
O estudo faz a gente pensar se os resultados seriam os mesmos em jovens, que já nasceram conectados na internet. A depender de pesquisas feitas durante a pior fase de isolamento social, na pandemia, dá para concluir que os mais novos também precisam de contatos presenciais.
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