Publicado em 23/12/2016 às 14:10, Atualizado em 13/09/2024 às 19:23

Tunisiano promete lealdade ao Estado Islâmico em vídeo

Agência ligada ao grupo terrorista divulgou mensagem horas depois da morte de Anis Amri. Terrorista foi morto em troca de tiros com a polícia na Itália.

G1,
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Anis Amri em vídeo divulgado pela agência ligada ao Estado Islâmico em que ele jura lealdade a Abu Bakr al-Baghdadi (Foto: Agência Amaq/AFP)

O tunisiano Anis Amri, suspeito do ataque em uma feira de Natal em Berlim e morto pela polícia na Itália nesta sexta-feira (23), fez um vídeo em que promete lealdade a Abu Bakr al-Baghdadi, líder do grupo extremista Estado Islâmico. As imagens foram divulgadas pela Amaq, uma agência ligada à organização, que mais cedo também reconheceu a morte de Amri. Porém, Amri não faz referência ao ataque na Alemanha no vídeo.

A morte do tunisiano foi confirmada pelo ministro do interior italiano, Marco Minniti, em entrevista coletiva. Segundo ele, dois policiais pararam o terrorista de 24 anos em um patrulhamento de rotina enquanto ele andava sozinho e pediram os seus documentos por volta das 3h desta sexta-feira (0h, no horário de Brasília), em Sesto San Giovanni. Porém, o jovem tirou uma arma de sua mochila e atingiu um policial no ombro. O outro reagiu, matando-o.

A confirmação da morte foi feita após análise das impressões digitais. O Ministério Público Federal da Alemanha confirmou que o material coletado da pessoa baleada em Milão correspondem às encontradas pelos investigadores alemães na cabine do caminhão que atropelou uma multidão na noite de segunda-feira (19) matando 12 e ferindo 48 pessoas, em ação reivindicada pelo Estado Islâmico.

Em entrevista coletiva, a chanceler alemã, Angela Merkel, fez um agradecimento às forças de segurança italianas e prometeu aumentar as deportações de tunisianos com visto negado no país.

Fuga e investigação

O tunisiano chegou à Itália após ter passado pela França, segundo a agência italiana Ansa. Ele passou por Turim e, em seguida, pegou um trem para Milão, onde chegou por volta de 1h desta sexta. Ele deixou a Estação Central e seguiu para Sesto San Giovanni, onde foi abordado pelos policiais.

O procurador alemão Peter Frank declarou que as investigações em torno do caso do suposto jihadista prosseguem e agora estão centradas na busca de uma possível rede de cúmplices ou colaboradores que teriam lhe emprestado dinheiro e/ou fornecido vias de escape, segundo a agência Efe.

Policial ferido

O policial ferido por Amri, Christian Movio, tem 36 anos e segue internado. Ele deve ser operado, mas seu estado de saúde é bom, segundo a agência Ansa. Pouco tempo depois da entrevista com o primeiro-ministro italiano, que divulgou os nomes dos policiais envolvidos na operação, Luca Scatà, que matou o terrorista, começou a ser homenageado na internet. Internautas criaram páginas como "Obrigada Luca Scatà, herói nacional" ou "Luca Scatà é meu herói".

O chefe da polícia de Milão, Antonio De Iesu, afirmou que a corporação não sabia que o suspeito estava na região. "Não tínhamos nenhuma informação de que ele poderia estar em Milão. Eles [os policiais] não sabiam que poderia ser o suspeito. Se soubessem, eles teriam sido muito mais cautelosos", disse, segundo a Reuters.

Caçada

A polícia começou a procurar Amri depois que uma autorização de residência provisória foi encontrada sob o banco do caminhão que invadiu a feira natalina, na noite de segunda-feira (19). Na quinta-feira (22), a polícia informou ter encontrado digitais de Anis Amri na porta e no volante do veículo.

A Associated Press afirmou que o tunisiano estava sob investigação desde 14 de março, por ser considerado uma ameaça – ele estaria tentando comprar armas automáticas para usar no ataque. Amri já havia sido acusado de envolvimento com tráfico de drogas e de participar de uma briga em um bar. Mas, como não havia provas, a vigilância foi suspensa em setembro.

Ele já havia sido preso em agosto, no sul da Alemanha, quando viajava para a Itália, por portar documentos falsificados, segundo a CNN. Na ocasião, ele foi liberado por um juiz.

De acordo com o jornal "Süddeutsche Zeitung", o tunisiano esteve em contato com a rede de um importante ideólogo islâmico conhecido como Abu Walaa, recentemente preso por provável ligação com o Estado Islâmico.

Logo depois do atentado, a polícia prendeu um paquistanês, que foi considerado suspeito por deixar o local do atentado correndo. Ele foi preso depois que um civil alemão o perseguiu e avisou a polícia. No dia seguinte, ele foi liberado por falta de provas. Um segundo, que não chegou a ter a identidade divulgada, também foi detido e liberado em seguida.

Vídeo mostra ação

Um vídeo obtido com exclusividade pela agência de notícias Reuters mostra o momento em que o caminhão invadiu a feira natalina. O vídeo foi registrado por um taxista que estava perto da praça Breitscheid. Veja o vídeo.