Christian Campoçano Leitheim e Stephanie de Jesus da Silva – padrasto e mãe de Sophia – foram condenados a 52 anos de prisão, somadas as duas penas. Christian foi sentenciado por estupro, 12 anos e mais 20 anos de prisão por homicídio, ao todo 32 anos. Já Stephanie foi condenada a 20 anos por homicídio qualificado por motivo fútil, meio cruel e pela vítima se tratar de uma criança.
Christian Campoçano Leitheim e Stephanie de Jesus da Silva – padrasto e mãe de Sophia – estavam sendo julgados desde quarta-feira (4) no Tribunal do Júri, em Campo Grande.
A defesa de mãe da criança falou durante o debate no julgamento desta quinta que Stephanie levou a filha ao posto de saúde por 30 vezes por não ter condições de pagar um plano de saúde.
A defesa de Stephanie usou o ciclo da violência doméstica como uma estratégia para convencer aos jurados. Inclusive, durante os debates, uma das advogados afirmou que “existia uma Stephanie antes e existe uma depois (de Christian)”.
Conforme as investigações, foram 30 vezes que Sophia foi levada a uma unidade de saúde, sempre com algum machucado, passando mal. Contudo, a advogada Katiussa do Prado Jara, disse em defesa da cliente que Stephanie não tinha condições de pagar plano de saúde, sendo que esse seria o motivo para as diversas idas ao posto com a pequena Sophia.
Torturas, beliscões, xingamentos, gritos e até estupro
Torturas, beliscões, xingamentos, gritos e até estupro. Nos dois anos em que Sophia viveu, ela foi agredida pelo padrasto. A mãe nega que sabia das agressões à filha, mas conversas recuperadas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) demonstram o contrário.
Nas conversas entre Stephanie e Christian, a mãe de Sophia combina com o companheiro a melhor forma de relatar os motivos para os machucados na menina. “Vamos dizer que caiu no parquinho.”, dizia uma das mensagens trocadas.
Em agosto de 2022, a mãe de Sophia questiona o marido sobre uma marca de mordida no braço da menina, e ele responde: “sabe que não controlo a mordida, ela é macia demais”.
Acusação
A promotora Lívia Carla Guadanhim falou durante o debate no julgamento desta quinta-que Stephanie de Jesus da Silva dava risadas ao mandar o companheiro, Christian Campoçano Leitheim, bater em Sophia Ocampo – torturada e morta aos 2 anos em janeiro de 2023.
Durante o debate iniciado pela promotora Lívia, ela mostrou conversas e áudios afirmando que, tanto Stephanie, quanto Christian batiam na menina. Em uma das mensagens apresentadas pela promotora, a mãe de Sophia diz que deu diversas chineladas na menina. “Dei um monte de chinelada nela, um monte mesmo, ela ficou chorando lá um tempão”, diz a ré em um dos áudios.
“Foi omissa. A atitude dela é até mais grave do que a dele. A mãe, que tem o dever de cuidar. Ela fala de boa mãe que sofria violência, mas as mensagens ela nem sequer pede para ele não bater na menina”, disse a promotora.
Christian negou abusos
Também nesta quinta, Arianne Dryelle Ledesma de Siqueira, advogada de defesa de Christian apresentou novos áudios, que Cristian enviou para a mãe dele, no dia em Shophia morreu.
Sobre os indícios de abuso, Christian Campoçano negou que tenha estuprado a menina. “Eu juro pelos meus filhos, que eu não fiz nada, eu só sei que caso eu seja preso, eu aviso a senhora (a mãe dele). Nunca, nunca faria uma coisa dessa, eu tenho nojo e odeio de estuprador, eu não sei nem explicar”. nesta quinta.
“A barriga dela está muita inchada, ela não está conseguindo respirar, tive que fazer respiração boca a boca”. “A Sophia pirou muito e a barriguinha dela começou a inchar, e ela não está conseguindo respirar. E eu tive que fazer massagem cardíaca nela”.
A perita Rosângela Monteiro, que atuou no caso Nardoni, em 2008, teria apontado que a menina foi abusada várias vezes. “A violência sexual foi claramente identificada pelo rompimento de hímen, a heperemia em partes da vagina e esquimoses na face interna das coxas, e o rompimento do hímen já estava cicatrizado, portanto, fora realizado em data anterior da morte da vítima”, diz parte da análise.
Assassinato de Sophia
Sophia morreu em janeiro de 2023, após passar por várias internações. Assim, as investigações mostraram que a mãe levou a menina até uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), já sem vida. A mulher chegou ao local sozinha e informou o marido sobre o óbito.
Além disso, a polícia identificou indícios de estupro na vítima. Ainda durante as investigações, uma testemunha contou que após receber a informação sobre a morte de Sophia, o padrasto teria dito a frase: “minha culpa”.
Também uma das contradições apontadas na investigação é o fato da mãe dizer que antes de levar a filha para atendimento médico, a menina teria tomado iogurte e ido ao banheiro.
Essa versão é contestada pelo médico legista, que garantiu que com o trauma apresentado nos exames, a criança não teria condições de ir ao banheiro ou se alimentar sozinha.
Por fim, a autópsia apontou que Sophia pode ter agonizando por até seis horas antes de morrer. Após o início das investigações, a polícia prendeu o padrasto e a mãe da menina. Eles seguem presos.
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