Publicado em 24/07/2014 às 15:13, Atualizado em 26/10/2016 às 10:14
O governo de Israel criticou a postura do governo brasileiro de convocar o embaixador em Tel Aviv para consultas e a publicar duas notas, em uma semana, considerando inaceitável a escalada da violência entre Israel e Palestina. No texto divulgado ontem (23), o Brasil condena energicamente o uso desproporcional da força por Israel na Faixa de Gaza.
Em comunicado à imprensa, o Ministério das Relações Exteriores de Israel, por meio do porta-voz, Yigal Palmor, manifestou desapontamento diante da convocação do embaixador brasileiro. Israel manifesta o seu desapontamento com a decisão do governo do Brasil de retirar seu embaixador para consultas. Esta decisão não reflete o nível das relações entre os países e ignora o direito de Israel de se defender. Tais medidas não contribuem para promover a calma e a estabilidade na região. Em vez disso, eles estimulam o terrorismo, e, naturalmente, afetam a capacidade do Brasil de exercer influência, informa o texto.
Yigal Palmor disse que Israel espera o apoio de seus amigos em sua luta contra o Hamas, que é reconhecido como uma organização terrorista por muitos países no mundo. Jornais israelenses noticiaram críticas mais duras do porta-voz. De acordo com o jornal judaico The Jerusalem Post, Palmor disse que essa é uma demonstração lamentável de por que o Brasil, um gigante econômico e cultural, continua a ser um anão diplomático, e acrescentou que o relativismo moral por trás deste movimento faz do Brasil um parceiro diplomático irrelevante, aquele que cria problemas em vez de contribuir para soluções.
Na nota publicada nessa quarta-feira, o Ministério de Relações Exteriores também reiterou seu chamado a um imediato cessar-fogo entre as partes. O Itamaraty explicou que, diante da gravidade da situação, votou favoravelmente à resolução do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas que condena a atual ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza e cria uma comissão internacional para investigar todas as violações e julgar os responsáveis.
A Confederação Israelita do Brasil (Conib) também reagiu. A Confederação Israelita do Brasil vem a público manifestar sua indignação com a nota divulgada pelo nosso Ministério das Relações Exteriores, na qual se evidencia a abordagem unilateral do conflito na Faixa de Gaza, ao criticar Israel e ignorar as ações do grupo terrorista Hamas, destaca o texto.
Uma nota como a divulgada nesta quarta-feira só faz aumentar a desconfiança com que importantes setores da sociedade israelense, de diversos campos políticos e ideológicos, enxergam a política externa brasileira, criticou a Conib, representante da comunidade judaica brasileira, que disse compartilhar da preocupação do povo brasileiro e expressar profunda dor pelas mortes dos dois lados do conflito, além de também esperar um cessar-fogo imediato.
Na nota publicada no dia 17 de julho, o governo brasileiro afirmou que condena, igualmente, o lançamento de foguetes e morteiros de Gaza contra Israel. O Brasil e a Alemanha são os únicos países a ter relações diplomáticas com todas as nações do mundo. Ontem, foi um dos 29 países a votar a favor da resolução do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. Houve 17 abstenções e apenas um voto contra, dos Estados Unidos. Além do Japão, todos os países europeus presentes, incluindo a França, o Reino Unido e a Alemanha, optaram pela abstenção.