Buscar

Com assassino preso, polícia investiga pivô do crime

Transcrição das mensagens trocadas por celular podem ajudar a esclarecer participação da jovem no homicídio do jornalista com quem tinha um relacionamento.

Cb image default
Divulgação

Com a prisão de João Rodrigues Lopes, de 59 anos, que confessou o assassino do jornalista Nicodemos Moura Rodovalho de Alencar, 53, a Polícia Civil tenta agora desvendar a participação da jovem de 19 anos que mantinha um relacionamento com os dois ao mesmo tempo. 

A moça apontada como pivô do homicídio está sendo investigada, conforme o delegado Weber Luciano de Medeiros, da 2ª Delegacia de Polícia, onde correm as apurações. 

“Em depoimento, ela já disse não sabia de nada e se eximiu de qualquer responsabilidade pelos fatos, mas ela está sob investigação”, relata. A resposta para as dúvidas em torno da participação da moça podem estar nas mensagens telefônicas que ela trocou com vítima e autor. A Polícia Civil está periciando os telefones dos três. 

O delegado aguarda a transcrição das mensagens. “Se for confirmada que a jovem instigou ou teve participação, ela também responderá pelos mesmos crimes que João Rodrigues”, explicou o delegado. 

O autor foi enquadrado por homicídio qualificado por motivo fútil, dissimulação e emboscada que dificultou a defesa da vítima, crime que pode render de 20 a 30 anos de prisão. João Rodrigues que foi detido em flagrante horas depois do crime teve a prisão preventiva decretada e será transferido da 2ª Delegacia de Polícia para o sistema penal de Campo Grande.

O homicídio foi praticado na tarde desta terça-feira, 27, no Bairro Nova Lima, onde a jovem morava. Nicodemos dirigia um veículo Corsa pela Avenida Cândido Garcia de Lima quando foi perseguido por João Rodrigues que estava em um veículo Gol. O autor atirou contra a vítima acertando-lhe a nuca. O jornalista perdeu o controle da direção, chocou-se com o muro de uma residência e morreu no local do crime. 

Na tarde desta quarta-feira, João Rodrigues conversou com a reportagem do Diário Digital na delegacia. Ele nega que a jovem o tenha influenciado a atirar no jornalista, mas admite que a moça frequentemente reclamava de Nicodemos para ele. João Rodrigues também disse que estava sendo incomodado e ameaçado por Nicodemos que exigia ressarcimento de um dinheiro entregue à moça para pagar o aluguel. 

Durante a entrevista ele reiterou que não tinha intenção de matar, mas apenas de assustar o jornalista. A ideia era atirar no carro para que ele parasse de fazer cobranças e ameaças. “Não sabia que ia terminar assim. Hoje me arrependo muito do que fiz”, afirmou. 

Contudo, o delegado não acredita que João Rodrigues tenha agido sem a intenção de matar. “A atitude dele nega isso. Ele perseguiu o veículo da vítima até se aproximar para atirar. Além do mais, quando se quer apenas assustar, não se atira em direção à pessoa como ele fez”, avalia o delegado. 

Além da transcrição das mensagens dos celulares, o delegado aguarda ainda o exame necroscópico da vítima, além de laudos periciais sobre o local do crime e da arma utilizada no homicídio. O revólver utilizado por João Rodrigues pertencia a ele, mas era totalmente irregular. O autor não tinha registro e nem porte de arma que foi apreendida assim como o veículo Gol utilizado no crime. 

João Rodrigues não tem passagens anteriores pela Polícia Civil. 

Expulsão da Polícia – Em 2011, o nome Nicodemos Moura frequentou os noticiários do Estado. Ele era escrivão da Polícia Civil em Coronel Sapucaia, foi acusado de estupro de vulneráveis e chegou a ser preso. No ano seguinte, ele foi absolvido em julgamento pela Justiça Estadual, mesmo assim foi demitido do cargo de escrivão. Ele sempre alegou inocência das acusações. Nicodemos afirmava ser vítima de armação de traficantes da região, que poderiam ter pago meninas para denunciá-lo. O jornalista foi sepultado nesta quarta-feira em Campo Grande. Ele deixa dois filhos.

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.