Publicado em 02/02/2022 às 10:15, Atualizado em 13/09/2024 às 19:44
O funcionário do quiosque garante que as imagens da câmera de segurança irão mostrar o que realmente aconteceu. Ele é outro acusado de participação nas sessões de espancamento foram presos.
Um funcionário do quiosque da orla da Praia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, que se identificou como Helison Cristiano, confessou ter participado do espancamento e morte do jovem congolês, Moïse Kabamgabe, 24 anos, que ocorreu nesta última segunda-feira (24).
A vítima foi agredida até a morte por cinco homens, levando golpes de madeira e taco de beisebol, com ajuda de áudios gravados, o homem conta uma outra versão do ocorrido e garante que as câmeras de segurança vão ajudar a confirmar tudo, ele nega também que Moïse estivesse cobrando salários que estavam atrasados.
"Sou um dos envolvidos no caso do congolês na Barra da Tijuca. Ninguém quis tirar a vida de ninguém", iniciou o funcionário no áudio. "Eu fiquei pra dormir no trabalho e tinha um cara 'doidão' de cerveja e drogas, causando terror. Estava arrumando o quiosque para fechar e ele tentou meter a mão numa cerveja e eu não deixei. Ele foi para o quiosque do lado, só que era de um senhor de idade. Aí a gente desceu para a areia e, quando ele voltou, tentou pegar a bolsa do 'coroa'. Em seguida, pegou uma cadeira para dar na cabeça do 'coroa' e fomos para cima", conta.
Em sequência, um dos agressores confirmou que ele junto de duas pessoas, entre elas um segurança, iniciaram as agressões contra Moïse para defender o idoso. Ele ainda nega a participação de outras pessoas, ou policiais militares, durante a ação. O homem ainda conta que não foram agredir ele na intenção de matar o jovem.
O funcionário do quiosque, ainda disse ter tentando se entregar duas vezes para à polícia, porém teve medo de sofrer represálias, por isso recuou. Nesta terça-feira (01), as informações preliminares apontaram que ele foi para a 34ª DP em Bangu, para se entregar e que seria encaminhado para à Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), quem é responsável pelas investigações. O dono do Quiosque Tropicália também é aguardado para depor ainda nesta terça-feira.
O Instituto Médico Legal (IML), divulgou o laudo e aponta que a causa da morte foi traumatismo do tórax, com uma contusão pulmonar e também contém vestígios de broncoaspiração de sangue. Os documentos também mostram lesões que foram concentradas nas costas e no tórax aberto, com os órgãos dentro.
A DHC já analisou as imagens das câmeras instaladas no local, testemunhas serão ouvidas e os agentes continuam levantando as informações visando o esclarecimento do caso, identificando e prendendo os autores do crime. A Polícia informou que as investigações continuaram em sigilo.
Outra prisão - no início da noite dessa terça-feira, outro acusado de ter participado das torturas ao congolês também foi preso pela polícia. Ele foi identificado inicialmente como Fábio.
O advogado responsável pela família de Moïse Kabamgabe, Rodrigo Mondego, disse não estar sabendo dos áudios de confissão do suposto agressor.