Publicado em 02/02/2021 às 07:23, Atualizado em 13/09/2024 às 19:42

Mãe que abandonou bebê em sacola plástica pode não ser presa

Polícia acredita que mulher tinha a intenção que criança fosse resgatada por alguém.

Diário Digital,
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Divulgação

A recém-nascida deixada dentro de uma sacola plástica, na calçada de uma das ruas do Bairro Guanandi, foi encontrada na manhã da última sexta-feira (29), sem lesões e saudável, o que para polícia, por enquanto, configura apenas o crime de abandono de incapaz. A pena é de detenção, de seis meses a três anos e, caso não haja agravantes, não leva a prisão em regime fechado.

Segundo a delegada que investiga o caso, Franciele Candotti, da DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), a criança foi deixada em uma rua movimentada, enrolada em uma coberta e não tinha lesões. O que denota que a mãe, apesar dos riscos, tinha a intenção de que ela fosse resgatada por alguém.

A Polícia Civil procura câmeras de segurança da região que possam ter filmado o momento do abandono e trabalha para localizar a mãe na tentativa que ela apresente uma justificativa para o abandono e, caso não haja antecedentes ou agravantes, responda pelo crime em liberdade.

“Nós não sabemos em que circunstâncias essa mãe abandonou a bebê, mas é preciso orientar que as mães que se sentirem nessa situação devem procurar outros meios e não abandonar a criança na rua ou qualquer lugar porque isso é crime. Entregue as autoridades competentes, um vizinho, parente, para que a criança seja deixada em segurança”, explica a delegada.

O Conselho Tutelar ficará responsável pela criança que será encaminhada a um lar temporário. Porém, a empresária, educadora social e artista Kely Zerial que encontrou a bebê na frente do portão da casa dela, no Bairro Guanandi, manifestou o desejo de adotar a menina.

Kely vai acionar a Justiça com pedido de Tutela Urgente em Caráter Precedente, que seria uma guarda provisória que antecede a adoção definitiva. A solicitação será analisada pela Vara da Infância e Juventude.

O encontro - Kely tem 37 anos, nunca teve filhos biológicos, mas relata que vocação e vontade para a maternidade nunca faltaram. Ela criou sobrinhos, filhos de seu irmão, e vinha fazendo tratamentos para engravidar. Até que na sexta-feira passada, a bebê recém-nascida foi deixada em seu portão. A mulher sentiu-se escolhida para ser a mãe da pequena.

Naquela manhã, a empresária ouviu o latido dos cachorros e, em seguida, o chamado de uma vizinha avisando sobre a criança deixada em frente ao portão. Ela acolheu a menina e a levou para dentro. Limpou o excesso de sangue, provavelmente em razão do parto recente, averiguou os sinais vitais e o cordão umbilical que estava sem curativos, pulsando e pingando sangue.

Após esses primeiros cuidados, a bebê foi levada ao C.R.S. Tiradentes por Kely Zerial, acompanhada de sua família e da Polícia Civil. No local, a criança recebeu pré-atendimento médico e foi encaminhada para a pediatria no Hospital Universitário. Ainda no CRS, recebeu supervisão do Conselho Tutelar quando Kely Zerial relatou os fatos e demonstrou o desejo de adotar a bebê.

HU – A bebê permanece internada no Hospital Universitário onde ela está sendo tratada como Aurora pela equipe médica. A pequena aguarda certidão de nascimento e o resultado do exame de hemocultura.

Os demais exames (doenças infecciosas, etc) deram negativo, comprovando que ela está muito bem de saúde. Não há, por enquanto, previsão de alta médica.