Publicado em 12/09/2017 às 09:19, Atualizado em 13/09/2024 às 19:35

Ossadas encontradas no Parque dos Poderes são identificadas por DNA

Mortes são atribuídas a grupo de extermínio com atuação no Danúbio Azul

Redação,
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Divulgação

Com nove meses de atraso, o Instituto de Medicina e Odontologia Legal (Imol) de Campo Grande entregou à Polícia Civil os resultados dos exames de DNA de sete das 14 vítimas do grupo de extermínio liderado por Luiz Alves Martins Filho, 50 anos, no Danúbio Azul.

Os corpos estavam enterrados em um cemitério clandestino no Jardim Veraneio, de onde foram recolhidas ossadas para análise.

De acordo com as informações, estão formalmente identificados Lessandro Valdonado de Souza, 12 anos, Ana Cláudia Marques, 37, Alex da Silva dos Santos, 18, Jhenifer Lima da Silva, 13, Bruno Santos da Silva, 18, Jenifer Luana Lopes, 16, e Daniel Gomes de Souza Carvalho, 17.

A Delegacia Especializada de Repressão a Crimes de Homicídio (DEH), responsável pelas investigações, ainda não havia relatado todos os inquéritos relacionados ao caso à Justiça, porque, apesar dos indícios sobre a identificação das vítimas, ainda faltava a indicação oficial de que as ossadas eram realmente de pessoas desaparecidas que se suspeitava que estavam mortas.

Sádico com fixação em orgias e contemplação das covas, Nando coordenava esquema de tráfico de drogas que fomentava o consumo e outros delitos correlatos no bairro.

Trocando entorpecente por sexo, abusava de adolescentes que faziam qualquer coisa para alimentar o vício. Por isso, os convidava para encontros sexuais e trocas de casais com Ariane de Souza Gonçalves, 19, e Talita Regina de Souza, 24, assim como com Jean Marlon Dias Domingues, 20, e Wagner Vieira Garcia, 24, sendo estes amantes homossexuais de Nando.

O CASO

Assassino frio, macabro, mas que se considerava um “justiceiro”. Luiz Alves Martins Filho, o “Nando”, 49 anos, não pode ser considerado um serial killer “comum”. Ele não seguia um “modus operandi”, como, por exemplo, uma assinatura. Segundo a polícia, o "matador" também não tinha um “motivo” específico para os crimes. Matava pelos mais variados motivos e, principalmente, "porque gostava de matar".

“Ele não recebia nada pra matar, não ganhava por isso, matava por gosto e depois voltava às covas para contemplar o que tinha feito”, contou a delegada responsável pelo caso, Aline Sinott, da Deaij (Delegacia de Atendimento à Infância e a Juventude).

Os primeiros registros de desaparecimento começaram em 2012 e Nando chegava a receber o “convite” dos outros membros do grupo de extermínio para “matar vagabundo”. Ele está diretamente envolvido com 13 assassinatos no Danúbio Azul. Como descrito abaixo:

1 – Daniel Gomes de Souza, 17 anos - desapareceu em dezembro de 2012. Foi morto porque era usuário de drogas.

2 - "Alemão", ainda não identificado - morto por Nando e Jean há quatro anos, porque vendeu uma televisão furtada para Nando, e o dono acabou o cobrando.

3- Bruno Santos da Silva, 18 anos - era usuário de drogas e costumava furtar casas no bairro. Sumiu em 2013. Foi morto porque tirou sarro de um sobrinho do Nando.

4 - Jhennifer Luana Lopes, 16 anos – desapareceu em junho de 2014. Foi morta porque era viciada e furtava.

5 - Daniel de Oliveira Barros, 28 anos – usuário de drogas. Furtava moradores do bairro. Foi morto em março de 2014, com golpe de chave de fenda no pescoço.

6 - Flavio Soares Corrêa, 25 anos – sumiu em abril de 2015. Era usuário de drogas, cometia furtos, mas teria sido morto por ser "afeminado".

7 - Eduardo Dias Limas, 15 anos - “Eduardinho” – desapareceu em dezembro de 2015. Era usuário de drogas e morreu após furtar garrafas de um bar que Nando estava montado.

8 - "Café", ainda não identificado - morto por Nando, Jean e Michel, porque devia dois fretes para o Nando no valor de R$ 170.

9 - Alex Alves da Silva Santos, 18 anos, “ladrão” – era usuário de drogas. Tinha hábito de furtar no bairro. Sumiu em março, após ser morto por Nando e Vagner.

10 - Aline Farias da Silva, 22 anos – era garota de programa, amiga de Nando, pois ele arrumava clientes para ela. Mãe de dois filhos, foi morta em março deste ano, depois de receber por um programa e não fazer.

11 - Jhenifer Luana Lopes, 16 anos – desapareceu em março de 2016. Foi morta porque praticava furtos na região.

12 - Lessandro Maldonado de Souza, 13 anos - morto em agosto de 2016, por que viu a cunhada, Talita, fazendo carinho em um traficante e ameaçou contar para o marido dela.

13 - Ana Claudia Marques, 37 anos – mãe de seis filhos, sumiu em setembro deste ano. Morta por Nando por ter sido uma das primeiras a fornecer droga para viciar moradores do bairro.

14 - Valdelei Almeida Junior, 20 anos, "Juninho" – foi morto em março deste ano, mas não por Nando. Porém, é considerado vítima do grupo porque Nando tentou matá-lo em 2013.

Lista – As escavações no "cemitério" do grupo devem continuar. Já que a polícia ainda busca os restos mortais de Flavio Soares Correia, Jhennifer Lima da Silva, Eduardo Dias Lima, Jhennifer Luana Lopes e Daniel Gomes de Souza.

Com Campo Grande News e Correio do Estado