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Vistoria em presídio do Recife usa equipamento de rastreio do Exército

Aparelho serve para localizar armas enterradas no solo e na rede de esgoto.Primeira experiência é no Presídio Frei Damião de Bozzano.

Equipamentos do Exército usados para rastrear bombas, minas terrestres e metais estão sendo usados, na manhã desta segunda-feira (16), no presídio Frei Damião de Bozzano, que faz parte do Complexo do Curado, na Zona Oeste do Recife. O local passa por uma revista especial com apoio das Forças Armadas, militares estaduais e agentes penitenciários em busca de armas brancas e de fogo.Essa é a primeira vez que equipamentos do tipo são utilizados em presídios do Estado. O apoio do Exército foi solicitado pelo governador Paulo Câmara, segundo o secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico. O uso desses equipamentos é de muita importância porque podemos fazer um rastreamento do solo, da rede de esgoto, de canal, tudo que pode ser usado para guardar essas armas brancas e também de fogo. Estamos aqui com doze equipamentos das Forças Armadas, aponta o secretário.A ideia é coibir novos tumultos e rebeliões no complexo de presídios, como os ocorridos no começo do ano, que deixaram o saldo de três mortos e dezenas de feridos. A escolha pela unidade Frei Damião de Bozzano se deu devido à ampla área e histórico de flagrantes de facões.

Após a experiência desta segunda-feira, o estado vai ver a possibilidade de levar a operação para outros presídios. Nós estamos avançando no combate à criminalidade dentro dos presídios, não vamos conviver mais com essa prática. Nós não vamos utilizar todo dia equipamento do Exército, estamos aproveitando essa presença hoje aqui para a gente treinar os nossos agentes penitenciários para, no futuro, ou o Exército ceder, ou o estado locar, vamos ver, esclarece o secretário.O equipamento funciona com um sonorizador, que mostra aos oficiais treinados os pontos onde há alguma possibilidade de haver algo escondido. Nós temos toda a área de campo, de esgoto, os pavilhões, igrejas, cozinhas. Todas as áreas serão vistoriadas. São equipamentos de rastreamento de qualquer tipo de metal. Onde tivermos uma sonorização mais forte, abrimos para ver, detalha Pedro Eurico.A movimentação de policiais começou por volta das 7h30 no Complexo Prisional do Curado. Por volta das 8h as equipes iniciaram a entrada no presídio Frei Damião de Bozzano. A unidade conta atualmente com 1.800 detentos, entre eles os com maiores penas e considerados mais perigosos, de acordo com a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos. Imagens feitas pela equipe da TV Globo mostravam detentos com celulares e facões. Com a entrada dos policiais, alguns presos começaram a correr, como se soubessem que a polícia estava chegando.

O juiz Luiz Rocha, da 1ª Vara de Execuções Penais, explica que a ação é considerada de rotina, apesar da participação especial das Forças Armadas. Essa, mais uma vez, é uma ação integrada. É uma operação de rotina, para coibir armas, retirar drogas, evitar o atrito entre grupos. Esse combate, a busca de armas, tornam o ambiente menos hostil, igualitário. Estamos aqui cumprindo nosso papel como Estado, aponta Luiz Rocha.Participam da operação agentes penitenciários, policiais da Companhia Independente de Operações Especiais (Cioe), do Batalhão de Choque e Companhia Independente de Cães.Problemas antigosO Complexo do Curado (antigo Aníbal Bruno), na Zona Oeste da capital, foi denunciado à Comissão Internacional de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), em 2011. Desde então, instituições em defesa dos direitos humanos contabilizaram mais de 265 denúncias de atos violentos no conjunto de presídios – o maior do estado.

Em janeiro, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), declarou estado de emergência no sistema penitenciário e determinou intervenção do Centro Integrado de Ressocialização de Itaquitinga, que está com as obras paradas há cerca de um ano e meio.No início do ano, o Complexo do Curado, maior de Pernambuco, registrou uma rebelião que durou três dias, deixando o saldo de três mortos e dezenas de feridos. Um sargento da PM foi assassinado durante o motim e um dos detentos foi decapitado. Os três presídios do Curado têm capacidade para 1.800 presos, mas atualmente abrigam 7.000. O governo estadual acionou o Ministério da Justiça, ao qual o Depen está ligado, após as últimas ocorrências.

Um mutirão de defensores públicos foi convocado em fevereiro deste ano para agilizar o atendimento dos cerca de 7 mil detentos. Ao todo, 48 defensores participam da força-tarefa, sendo oito de Pernambuco e os outros vindos de diversos estados brasileiros. No início deste ano, o conjunto de presídios registrou uma série de rebeliões violentas, deixando três mortos e dezenas de feridos. Uma das reivindicações dos presidiários era a agilidade dos processos.

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