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Cunha diz que Wagner propôs acordão para salvá-lo em troca de engavetar impeachment

Presidente afastado reclama de cerceamento de defesa no Supremo e diz que foi ameaçado de morte por ter dado seguimento ao processo de impeachment

Afastado da Câmara desde 5 de maio por determinação do Supremo Tribunal Federal, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) reapareceu nesta terça-feira, queixou-se de cerceamento de defesa nos processos que enfrenta na Justiça e no Conselho de Ética da Casa e acusou o ex-ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, de oferecer um acordo há alguns meses segundo o qual ele teria o mandato preservado em troca do engavetamento dos pedidos de impeachment de Dilma Rousseff.

Cunha vive um momento extremamente delicado. Seu processo de cassação do mandato foi aprovado pelo Conselho de Ética e agora será votado pelo plenário. Se receber o aval de 257 dos 513 deputados, o peemedebista perderá o chamado foro privilegiado, que o mantém distante do juiz federal Sergio Moro, responsável pela Lava Jato. Paralelamente, sua mulher, Cladia Cruz, é investigada por suspeita de lavagem de dinheiro e evasão de divisas na Lava Jato. No Supremo, ele também deve ser alvo de uma nova frente de investigação.

"Eu não sou nem herói nem vilão no processo de impeachment. Apenas cumpri meu papel de presidente da Câmara. Agora, a ira do PT e dos seus aliados pela perda de suas boquinhas está fazendo com que eu pague um preço que sabia que iria ocorre. Mas eu tenho a consciência tranquila de que livrar o Brasil da Dilma e do PT será uma marca que eu, sem dúvida nenhuma, terei a honra de carregar", disse Cunha, durante entrevista num hotel em Brasília.

Nesta manhã, ele afirmou que a ausência tem prejudicado a sua defesa e prometeu voltar a falar com "regularidade".

O peemedebista classificou como um "absurdo" o pedido de sua prisão protocolado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Ele afirmou que um dos pontos citados por Janot é a manutenção das prerrogativas de presidente da Casa, mesmo afastado do cargo, e exaltou a necessidade de manter algumas delas, entre as quais os seguranças legislativos. "Alguém duvida dos riscos que a gente corre? Várias pessoas buscam nos hostilizar, como ocorre aqui agora. Normal, estão com dificuldade, sem ter o que fazer porque devem ter pedido seus empregos", disse. "Há a necessidade de segurança. Ameaças de morte, telefonemas anônimos desde o processo de impeachment. Eu não fico fazendo drama com as ameaças e nem as temo", continuou.

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