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Pedido de prisão de líderes do PMDB se torna o foco da atenção em Brasília

Em clima de perplexidade, senadores pediam explicações.Mas governistas e oposição adotaram uma posição de cautela.

Num dia em que o Conselho de Ética da Câmara começaria a decidir o futuro de Eduardo Cunha, os pedidos de prisão dele, de José Sarney, Romero Jucá e Renan Calheiros se tornaram o principal foco de atenção em Brasília.

O Senado amanheceu num clima de perplexidade. Pelos corredores, nas comissões, no plenário, em todo o Congresso, um assunto dominante: o pedido de prisão dos senadores Renan Calheiros e Romero Jucá, e do ex-senador José Sarney, todos do PMDB.

“Não há nenhuma dúvida que é algo extremamente constrangedor para o Senado Federal”, disse o senador Armando Monteiro (PTB-PE).

“O pedido de prisão de um senador é grave. Do presidente da Casa é mais grave ainda. Agora, no momento em que o Senado discute o impeachment de um presidente, é muito mais grave”, afirmou Cristovam Buarque (PPS-DF).

“Isso agrava mais ainda o problema político do país”, completou Paulo Rocha (PT-PA).Com o passar das horas, alguns senadores começaram a exigir explicações.

“O que se quer em relação a nosso presidente Renan Calheiros é que ele reúna no mínimo os líderes e explique, e se coloque, e exponha as suas razões. Também gostaríamos que o ministro Teori Zavaski, ou o Supremo Tribunal Federal, rapidamente delibere sobre a solicitação. O que não pode é a Casa ficar paralisada num momento de crise tão grave quanto a que estamos passando”, afirmou Ana Amélia (PP-RS).

“Como podemos suportar a realidade de estarmos aqui, no Senado da República, havendo um mandado de prisão do presidente do Congresso brasileiro e do Senado da República? Não cabe a mim, e quero crer que não cabe a qualquer um de nós a emissão do valor de juízo, mas nós temos o direito e a obrigação de ter acesso ao conteúdo completo das interceptações telefônicas para que possamos firmar o nosso juízo de valor”, disse Ricardo Ferraço, do PSDB-ES.A maioria dos senadores - governistas e de oposição - adotou uma posição de cautela.

“Certamente foi uma surpresa para todos. Nós reunimos a bancada do PSDB e estamos agindo com absoluta cautela. Nós não temos aqui conhecimento da integralidade dos fatos que possam eventualmente ter justificado esse pedido de prisão. Apenas no momento que o Supremo se manifestar, e obviamente com o arrazoado, com as justificativas que possam embasar o pedido de prisão, é que deverá haver a manifestação do Senado Federal”, afirmou Aécio Neves (PSDB-MG).

“Eu acho que o importante nesse momento é nós aguardarmos a chegada de novas informações e, ao mesmo tempo, do posicionamento do Supremo Tribunal Federal. Então, nossa posição é de aguardar os fatos, embora reconheçamos a gravidade do que foi solicitado pela PGR”, disse Humberto Costa (PT-PE).

O PMDB não se manifestou oficialmente sobre o caso. Senadores do partido estão preocupados, mas preferem aguardar a decisão sobre o pedido.

“Vamos aguardar primeiro o pronunciamento do Supremo Tribunal Federal. Esse é o dever e a obrigação da PGR, fazer todas essas solicitações. A notícia abala pessoalmente, abala o partido, abala o país”, disse o senador Raimundo Lira (PMDB-PB).Renan Calheiros também recebeu apoio do líder do governo no Senado.

“Eu não conheço o conjunto dos elementos em que Janot se baseou. Ele com seus olhos de promotor deve ter visto desse conjunto porque, nas gravações que foram divulgadas, eu não vi nada que justificava a prisão. Então eu não vejo nesses fatos nada que justifique. Agora, o que é importante, é que o ministro Teori decida rapidamente, porque é realmente uma situação muito difícil de se lidar com ela, o presidente do Senado com pedido de prisão”, disse Aloysio Nunes, do PSDB-SP.

A

 crise não impediu o prosseguimento do trabalho e das votações nas duas casas. Na Câmara dos Deputados, o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, manteve as reuniões com líderes de partidos na Câmara. Geddel disse que os pedidos de prisão feitos pelo procurador-geral da República não causavam constrangimento ao governo. A estratégia do Palácio do Planalto é seguir com as votações tanto no Senado quanto na Câmara, evitando ampliar a crise.

“Obviamente que nós temos que entender que toda essa situação é uma situação que não diz respeito neste momento, nessa questão dos senadores, à Câmara Federal, e a nossa missão aqui é fazer com que as matérias do governo, elas possam avançar”, disse André Moura (PSC-SE), líder do governo na Câmara.

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