Publicado em 05/08/2024 às 10:31, Atualizado em 13/09/2024 às 19:48

Jovem em Campo Grande perde parte do pulmão e está internado devido ao uso de cigarros eletrônicos

Os médicos diagnosticaram o jovem com pneumonia e derrame pleural

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Nas imagens, jovem de MT, estado vizinho, que precisou de cirurgia / Lívia Monteiro/Arquivo pessoal/G1MT

Campo Grande, MS – Um jovem de 22 anos está internado em estado grave no Hospital Regional de Campo Grande após perder parte do pulmão devido a complicações de saúde associadas ao uso de cigarros eletrônicos e narguilé. Paulo Henrique começou a enfrentar sérios problemas respiratórios após quatro meses de uso desses dispositivos, que são promovidos como alternativas menos prejudiciais ao cigarro tradicional.

Paulo foi internado há um mês com pneumonia grave e derrame pleural. Segundo relatos, os primeiros sintomas surgiram como uma tosse intensa, mas a gravidade da situação só foi percebida quando ele começou a tossir sangue. Imediatamente, ele procurou tratamento médico e foi transferido de urgência para o hospital.

Os médicos diagnosticaram Paulo com pneumonia e derrame pleural e, após duas semanas de tratamento sem melhora, decidiram que uma cirurgia era necessária. Durante o procedimento, ele perdeu parte do pulmão devido à necrose causada pelas complicações. Atualmente, ele permanece internado com um dreno para remover o líquido acumulado no pulmão, mas seu estado ainda é considerado delicado.

Crescimento do Uso de Cigarros Eletrônicos entre Jovens

O caso de Paulo Henrique não é isolado. Dispositivos de fumar, como cigarros eletrônicos e narguilé, têm se tornado cada vez mais populares entre os jovens, frequentemente promovidos como alternativas mais seguras em comparação ao cigarro tradicional. No entanto, conforme alerta o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o tabagismo e a exposição passiva ao tabaco são fatores de risco significativos para o desenvolvimento de doenças pulmonares, incluindo o câncer.

Segundo a presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Margareth Dalcolmo, estima-se que o Brasil já tenha dois milhões de usuários de cigarros eletrônicos, com a maioria deles na faixa etária entre 15 e 24 anos. Embora a comercialização, importação e propaganda desses produtos sejam proibidas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) desde 2009, eles ainda são vendidos ilegalmente pela internet, no comércio formal e informal, e podem ser adquiridos no exterior para uso pessoal.

Perigos Subestimados

Larissa Rego, especialista em Regulação da Gerência Geral de Controle, Registro e Fiscalização de Produtos Fumígenos da Anvisa, afirma que muitos jovens são atraídos pelos cigarros eletrônicos devido à falsa impressão de que são menos prejudiciais à saúde. No entanto, esses dispositivos expõem os usuários a uma variedade de substâncias químicas nocivas, incluindo nanopartículas de metal e carcinógenos conhecidos. A vaporização também pode liberar substâncias citotóxicas que são prejudiciais para a saúde pulmonar e cardiovascular.

Desafios para a Fiscalização

A fiscalização da venda e uso de cigarros eletrônicos é um desafio contínuo para as autoridades. No mercado, existem diversos tipos de produtos, como dispositivos descartáveis, recarregáveis com refis líquidos e dispositivos de tabaco aquecido, todos utilizando diferentes formas de nicotina.

Estado de Paulo Henrique

A situação de Paulo Henrique é preocupante. Com um dreno ainda removendo líquido do pulmão, os médicos alertam que, se não houver melhora, será necessária uma nova cirurgia, ainda mais invasiva. A família relata que o estado dele é crítico, com o pulmão extremamente comprometido.

A história de Paulo Henrique é um alerta sobre os riscos reais dos cigarros eletrônicos e narguilé, especialmente para os jovens que acreditam erroneamente que esses dispositivos são seguros. As autoridades e profissionais de saúde continuam a lutar para aumentar a conscientização e regular o uso desses produtos nocivos.

Com informações Felipe Dias Top Midia