Uma nova bússola para médicos e pacientes
A pressão “12 por 8” sempre foi considerada o padrão ideal da saúde cardiovascular. Agora, a nova Diretriz Nacional de Controle da Hipertensão Arterial reforça que esse número não é apenas referência, mas meta obrigatória para a população adulta.
O documento, elaborado por sociedades médicas brasileiras, endurece os limites para o que é considerado adequado e atualiza protocolos de diagnóstico e tratamento da hipertensão. A medida coloca o Brasil em sintonia com orientações internacionais que apontam que até níveis “limítrofes” já aumentam os riscos de doenças graves.
O que muda na prática
Antes, era aceitável manter a pressão em torno de 130/85 mmHg. Com a nova diretriz, valores acima de 120/80 já acendem um alerta vermelho.
Isso significa que mais brasileiros podem entrar na faixa de atenção, mas também aumenta a possibilidade de diagnóstico precoce e prevenção de complicações. O texto recomenda ainda ampliar o uso de exames como o MAPA (monitoramento ambulatorial) e o MRPA (monitoramento residencial), que dão um retrato mais fiel da pressão ao longo do dia.
Fim da “inércia terapêutica”
Outro ponto forte é o combate à chamada inércia terapêutica. Segundo a diretriz, médicos não devem adiar ajustes quando o paciente não alcança as metas.
“A demora em intensificar o tratamento é responsável por muitas complicações que poderiam ser evitadas”, alerta o texto. A recomendação é que, quando necessário, seja feita a combinação de medicamentos já no início da terapia, em vez de esperar meses ou anos para reforçar o tratamento.
Estilo de vida ainda é a primeira linha
Apesar das mudanças, os especialistas reforçam que a base do tratamento continua sendo mudança de hábitos: alimentação com pouco sal, prática de atividade física, manutenção do peso adequado e controle do consumo de álcool e tabaco.
Os remédios entram como suporte quando essas medidas não são suficientes. A diretriz deixa claro: quanto mais cedo o paciente se engajar no tratamento, maior a chance de evitar infarto, AVC, insuficiência renal e outras doenças silenciosas, mas fatais.
📌 Box explicativo: Entenda a nova diretriz
🔹 Qual é a pressão considerada ideal?
Menos que 12 por 8 (120/80 mmHg).
🔹 E quando preciso me preocupar?
Acima desse valor já merece acompanhamento médico.
🔹 Todo mundo vai precisar tomar remédio?
Não. O primeiro passo é mudar hábitos de vida. Os medicamentos são indicados se, mesmo assim, a pressão não baixar.
🔹 Por que tanta pressa no tratamento?
Porque a hipertensão é silenciosa e aumenta muito o risco de infarto, derrame e problemas renais. Quanto antes controlar, menor o perigo.
🔹 Como medir melhor a pressão?
Além da aferição no consultório, médicos podem pedir o MAPA (24h) ou MRPA (em casa) para confirmar o diagnóstico.
Fonte: Portaria do Ministério da Saúde, de 23 de julho de 2025, que aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Hipertensão Arterial Sistêmica (PCDT)
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