Publicado em 08/01/2014 às 16:00, Atualizado em 26/10/2016 às 08:48
O conselheiro do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) em Mato Grosso do Sul, Flávio Machado, recorrerá ao MPF (Ministério Público Federal) para que a morte do indígena Oziel Gabriel, 35 anos, não fique impune.
No inquérito nº 240/2013, assinado pelo delegado Paulo Machado, da Polícia Federal, não é apontado um culpado pela morte do indígena, ou seja, as investigações não concluíram de qual arma saiu o projétil que atingiu Oziel. Não houve indiciados porque a bala não foi encontrada.
Oziel foi morto durante reintegração de posse da Fazenda Buriti, em Sidrolândia, no dia 30 de maio do ano passado. A fazenda havia sido ocupada 15 dias antes e os indígenas se negavam a deixar a propriedade. A operação foi realizada por policiais federais com apoio de militares da então Cigcoe (Companhia Independente de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais).
Confiamos que o MPF cumprirá seu papel e vamos pedir novas investigações e exames para que o assassino do Oziel seja encontrado e punido, seja ele policial federal ou militar, afirmou Flávio Machado.
Ele, como representante do Cimi no Estado, teme que a morte do indígena entre para uma triste lista de assassinatos de lideranças não esclarecidos em Mato Grosso do Sul. Para Flávio, casos de impunidade envolvendo a morte de índios são recorrentes no Estado.
A primeira morte foi de Marçal de Souza em 1983. De lá para cá, diversas outras lideranças foram mortas e ninguém foi preso ou culpado por isso. Isso só incentiva mais ataques, opinou. Muita coisa sobre aquele dia ainda deve ser esclarecida, completou.
O fato de o inquérito policial não apontar o culpado da morte de Oziel foi taxado por Flávio como lamentável.
Opinião da família Com sentimento de revolta e indignação, Otoniel Gabriel, 33 anos, irmão do indígena baleado e morto em maio do ano passado já imaginava que o inquérito da Polícia Federal não apontaria nenhum culpado pelo crime.
A polícia não iria incriminar alguém deles e a gente sabe que foi a Polícia Federal. Não temos mais confiança na justiça brasileira. Esse caso se arrastou por todo esse período e não resolveu nada, lamentou.
Mas Otoniel garante que enquanto houver esperanças irá lutar para que o caso seja levado a frente pelo MPF. Estamos tentando uma audiência para verificarmos quais são nossas possibilidades de fazer com que a investigação não acabe aqui, concluiu.