A alegria, expectativa e ansiedade provocadas pela espera do nascimento do primeiro filho, batizado desde o ventre de Samuel, se transformou no misto de sentimentos de dor, tristeza e revolta para o comerciante Breno Sampaio Lopes, de 30 anos, e para a mulher dele, Tereza Lescano Ramos, de 31. Nesta quinta-feira (28), depois de dias aguardando por um parto normal, realizado na Santa Casa de Misericórdia de Campo Grande, a notícia da chegada do bebê foi substituída pela informação de que a criança estava morta.
Conforme registros do Hospital, Tereza deu entrada no Pronto Socorro da Santa Casa na noite da última quinta-feira (21). Nos primeiros minutos da madrugada da sexta-feira (22), ela foi internada. O marido diz que a mulher estava com contrações e a bolsa já havia estourado, anunciando a vinda do bebê.
A bolsa já estava rompida e o liquido amniótico estava saindo, mas eles não queriam fazer o parto, diziam que ela não tinha dilatação suficiente. Pedi interferência cesariana, mas eles disseram que precisavam esperar a dilatação, relata.
O comerciante diz ainda que os médicos chegaram a introduzir 18 comprimidos para acelerar a dilatação, que pela avaliação médica era insuficiente.
Foram 18 comprimidos para induzir o parto, 16 deles foram introduzidos por homens, o que deixou minha mulher bastante constrangida. Não queriam fazer a cesariana mesmo sabendo que a bolsa já havia estourado, frisa.
Segundo o marido, depois de muito esperar, nesta manhã, por volta das 8h40 Tereza foi levada para a sala de parto, no entanto, ao ver o bebê pálido, perguntou sobre o estado de saúde do filho e foi informada de que o menino estava morto. Ela ficou muito chocada. Ontem à tarde ouvimos o coraçãozinho dele e o tempo todo os médicos diziam que ele estava bem. Espera levar um bebê para casa, lamenta o pai.
Lopes diz acreditar que a morte do filho poderia ter sido evitada se os médicos tivessem optado por uma cirurgia cesariana. Soube que tem gestantes que estão há 10 dias esperando para ter o bebê. Os médicos não querem fazer cesarianas porque ganham menos para isso. Quero saber porque não fizeram a cirurgia. Mais crianças vão morrer por causa disso?, questiona.
Depois de ser informado de que o filho estava morto, o comerciante afirma que foi orientado a registrar um relatório no SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente) e em seguida um boletim de ocorrência sobre o óbito.
Vou levar o caso ao conhecimento do MPE [Ministério Público Estadual] para que seja apurado e a morte seja esclarecida. A dor é imensa, não tenho como mensurar. O sentimento é de impotência. Esperava levar meu filho para casa. Foram nove meses de expectativa de toda a família e voltaremos sem ele, ressalta.
A assessoria de comunicação da Santa Casa afirma que o caso foi levado ao conhecimento da diretoria técnica do hospital que vai analisar o relatório registrado no SAC, além, do prontuário da paciente.
De acordo com a assessoria de comunicação, o prontuário médico poderá ser entregue à família a partir do momento em que a mãe da criança receber alta médica. Quanto ao motivo do óbito, o hospital explica que só pode informar a causa da morte quando a análise da diretoria técnica for concluído.
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