Publicado em 14/03/2025 às 07:57, Atualizado em 14/03/2025 às 12:05

Menino autista é vítima de bullying em escola de Três Lagoas, denuncia família

Estudantes fazem "brincadeiras" e "piadas" envolvendo sexualidade do menino; professor também teria participado de agressões verbais

Top Midia News,
Cb image default
Divulgação

Adolescente de 12 anos, diagnosticado com autismo, tem sido alvo de bullying na Escola Estadual Edwards Corrêa e Souza, em Três Lagoas. A denúncia foi feita por sua mãe, A.F.N., de 35 anos.

Segundo ela relatou ao TopMídiaNews, o sofrimento do filho começou ainda em uma escola particular, onde os episódios de bullying tiveram início. Na instituição, os colegas passaram a chamá-lo de "gay" de forma pejorativa.

Na primeira escola, a situação chegou a um ponto crítico: o menino foi agredido com chutes por uma colega e até figurinhas com o rosto dele passaram a circular entre os estudantes. "Fizeram figurinhas do ***, com teor pejorativo e rotularam meu filho de 'gay'".

A mãe explica que, devido ao autismo, o filho não consegue compreender certas atitudes dos colegas e ficou profundamente constrangido.

Para tentar protegê-lo, ela decidiu transferi-lo para a Escola Estadual Edwards Corrêa e Souza. No entanto, o problema continuou.

O adolescente relatou à mãe que um colega o questionou sobre sua sexualidade e chegou a fazer um pedido direto para "ficar com ele", o que o deixou ainda mais desconfortável.

Além disso, segundo a denúncia, um professor de Matemática, ao notar o menino agitado em sala, fez um comentário inadequado. "Ficar desnervosa", disse o docente, tratando-o no feminino.

"Foi no dia 27 de fevereiro, ele ficou irado, a escola não soube explicar e, quando fui buscar, ele me contou que novamente estavam o tratando como homossexual. Crianças questionando sua sexualidade, e o professor o constrangeu ao falar com ele no feminino. Pra ele, foi a gota d’água e está há 12 dias sem ir à escola por vergonha dos colegas", relatou a mãe.

Falta de suporte adequado

Para tentar lidar com a situação, a escola sugeriu que o menino utilizasse um cordão de identificação indicando que é autista, na tentativa de gerar mais compreensão. No entanto, o bullying continuou.

A.F.N. também destaca outro problema: apesar da condição do filho, ele não tem direito a um auxiliar em sala de aula, já que é autista de grau 1. No entanto, ele tem dificuldades para acompanhar o ritmo dos colegas.

"*** contou que o professor de Matemática também fez comentários inapropriados sobre o desempenho dele, ao afirmar que ele já deveria saber letras cursivas, sendo que o menino está no 7º ano e possui dificuldades típicas do seu diagnóstico", desabafou.

Diante da situação, o adolescente passou a frequentar mais consultas com a psicóloga e até escreveu uma carta relatando o ambiente escolar. "Precisou aumentar os remédios, não quer voltar à escola e, depois de dias, só nesta quarta-feira (12) a escola registrou o caso em ata", disse a mãe.

A escola informou que uma técnica da NUESP (Núcleo de Educação Especial) irá de Campo Grande a Três Lagoas para avaliar a possibilidade de conceder um auxiliar ao estudante.

"Naquela escola não adianta mais. Que clima vai ter? Os colegas e professores julgando, ele não se sente bem. Vamos trocar de escola depois de tudo que ele passou", conclui Aline.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria Estadual de Educação (SES) e aguarda um posicionamento sobre o caso.

Dayane Medina / Top Midia News