Publicado em 05/01/2014 às 22:41, Atualizado em 13/09/2024 às 19:15
As vantagens e malefícios para pessoas que ficam conectadas muitas horas na Internet
O advento da Internet mudou a rotina das pessoas, do mundo, na velocidade das notícias e o modo de se comunicar como um todo. Apesar de todos os benefícios desta ferramenta, há aqueles que não suportam ficar offline, como o multiartista amazonense Turenko Beça. No entanto, para ele, só há prós nessa sua mania de ficar online.
O artista, que foi abordado para ser personagem desta matéria por meio do Facebook, gostou da ideia de ser entrevistado através da rede social. Isso é uma das coisas pelas quais eu sou fã da Internet: a não necessidade da minha presença física, disse Beça, o qual considera a Internet e as redes sociais como escritórios.
Desligo o celular apenas quando vou dormir. A Internet me ajuda muito. Aqui marco encontros, eventos, arrumo trabalhos novos, arrumo trabalhos para amigos, realizo a divulgação (de suas obras e projetos). Aqui é meu escritório, declarou o amazonense.
O problema de vício em Internet afeta mais de 50 milhões de pessoas no mundo, segundo dados da Universidade La Salle, nos Estados Unidos, e 4,3 milhões no Brasil. Números que só tendem a crescer pela maior facilidade de acesso à web e pelo desenvolvimento tecnológico.
De acordo com Ângela Vieira, mestra, docente em Psicologia há 56 anos, o vício pela Internet apresenta a mesma compulsão de todos os outros vícios, como por jogo, comer, compras, sexo, drogas, entre outros. Pontuamos aqui a compulsão, cuja característica é a falta de domínio sobre a atitude. Então, se a pessoa possui uma personalidade compulsiva, poderá desenvolver o TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), pois tanto a compulsão como a obsessão são involuntárias, sendo que as obsessões estão tão embutidas na consciência que não podem ser apagadas facilmente por livre decisão do indivíduo.
A universitária Laís Barbosa já passou por situações complicadas, por ficar online constantemente. Às vezes prejudica. Já me chamaram muito atenção por deixar de fazer tarefas do dia a dia para ficar na Internet, e em questões de saúde, já que eu tenho problemas de visão. Segundo o oftalmologista, o fato de ficar muito tempo na frente do computador ou do celular é um fator agravante, contou Laís, que costuma passar em média 18 horas conectadas.
Eu geralmente fico batendo papo no Whatsapp, olhando o Facebook, Instagram e, como não costumo ver TV, fico em sites de notícias. Às vezes, eu também uso a Internet para fazer compras e também vejo muitos vídeos no YouTube. O máximo que fiquei sem Internet foi um dia, que foi pelo celular. Ficava o dia inteiro tentando encontrar ocupações. Isso depois de ligar para a operadora e tentar ter a Internet de volta. Foi bem chato. Fico irritada quando estou sem Internet, porque é a forma que tenho mais cômoda de me ocupar, acrescentou.
Novos temposMas os problemas do excesso vão além. Segundo Ângela, quem não consegue controlar este tipo de ferramenta está praticamente fadado a ficar fora do mercado de trabalho. A palavra é equilíbrio. De acordo com o American Journal of Psychiatry, mais que um vício, o uso excessivo pode ser um distúrbio mental que deveria ser tratado como doença, pois, além das doenças físicas, o aspecto mental envolve perder a noção do tempo, esquecer de comer e dormir, onde o isolamento social também é outro sintoma apontado. Em alguns países, o uso descontrolado da Internet é um caso de saúde pública, informou a profissional, complementando que os aspectos comportamentais da psicologia muitas vezes não resolvem esse tipo de obsessão.
Em certos casos precisa-se do apoio de medicamentos junto ao psiquiatra. Tomar remédio controlado ainda traz uma resistência grande, mas esta estratégia é apenas temporária, pois objetiva diminuir a ansiedade pela compulsão. Após algumas sessões, o medicamento é substituído pela psicoterapia.