O marketing fala em crescimento, as planilhas em Brasília apontam estabilidade, mas o povo sente o que realmente importa no fim do mês: o dinheiro não vale mais o que valia. Segundo a pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (2), 81% dos brasileiros afirmam que seu poder de compra diminuiu nos últimos 12 meses.
Em outras palavras: o salário ficou menor, os preços aumentaram e a promessa de recuperação econômica virou um peso morto na sacola do mercado.
A pesquisa ouviu 2.004 pessoas em 120 municípios entre os dias 27 e 31 de março. E o resultado escancara o distanciamento entre o discurso do governo e a realidade no caixa do supermercado.
Quando 8 em cada 10 pessoas dizem que compram menos com o mesmo dinheiro, não é inflação técnica — é empobrecimento prático. O dado enterra, ao menos simbolicamente, a ilusão de que o governo Lula conseguiria rapidamente reconstruir o “Brasil feliz de novo” apenas com retórica progressista e almoços com prefeitos.
A situação é agravada por outros dados da mesma pesquisa:
88% acham que o preço dos alimentos subiu em março;
70% dizem que o combustível aumentou;
65% sentiram alta na conta de luz e água;
53% relatam maior dificuldade para conseguir emprego.
Ou seja: a vida ficou mais cara, o salário continua curto, e ninguém está aliviado.
Não à toa, 56% dos brasileiros acham que a economia piorou, e o mesmo porcentual reprova o governo Lula. O que começou como uma gestão que prometia reconstrução virou, para muitos, uma continuação de dificuldades — com menos esperança de reversão.
Até o Nordeste, reduto histórico do PT, começa a dar sinais de descontentamento. A desaprovação ao presidente na região subiu 9 pontos. No Sudeste e no Sul, a rejeição já passa dos 60%.
E a comparação com gestões anteriores não ajuda: 53% acham o atual governo pior que os mandatos anteriores de Lula, e 43% dizem que o governo Bolsonaro foi melhor — contra 39% que ainda preferem Lula.
Mais do que PIB ou juros, é o supermercado que define o humor nacional. Se a carne some da mesa e o feijão vira luxo, nenhum plano habitacional ou antecipação de 13º salva a percepção pública. A economia, para o brasileiro comum, não é teoria — é o que cabe no carrinho. E, hoje, cabe menos. Muito menos.
Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.