A Santa Casa de Campo Grande anunciou nesta segunda-feira (15) a suspensão imediata de novas admissões de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), alegando “superlotação grave” e risco iminente de desassistência aos que já estão internados. A decisão foi formalizada em ofício da Diretoria Técnica do hospital, divulgado no mesmo dia em que a instituição inaugura a primeira fase da reforma do pronto-socorro.
Lotação acima da capacidade
O documento aponta números alarmantes em diferentes setores:
Área vermelha adulta: 27 pacientes (7 intubados) para capacidade de 6;
Área verde adulta: 62 pacientes (26 aguardando leito de enfermaria e 36 em observação) para capacidade de 7;
Centro cirúrgico: pacientes aguardando leito, incluindo dois de UTI;
Pré-ortopedia: 51 pacientes à espera de procedimento;
Área vermelha pediátrica: 4 pacientes (um intubado) para capacidade de 3.
Segundo a direção, a medida é “extrema e excepcional”, autorizando apenas atendimentos de urgência ou emergência imediata, a serem avaliados em conjunto com o médico regulador. O ofício também exige ampla comunicação da suspensão a todos os setores responsáveis, para evitar encaminhamentos indevidos.
Justificativas e responsabilidade
A direção técnica justificou a medida com base em dois pontos principais:
Risco iminente de desassistência grave aos pacientes já internados;
Potencial risco de agravamento clínico e óbito caso novas admissões sejam feitas sem condições seguras de atendimento.
O hospital reforça que a decisão se apoia em responsabilidades éticas e legais da direção, prevista em normas profissionais, para intervir diante de ameaças à segurança do atendimento.
Reação interna e críticas
A paralisação gerou desconforto dentro da própria instituição. Um funcionário, sob anonimato, classificou a decisão como “absurda”, acusando a direção de priorizar a imagem da obra durante a cerimônia de inauguração do pronto-socorro, em vez de transferir pacientes para a nova ala.
“Eles vão inaugurar o pronto-socorro e junto com a inauguração mandam um ofício de bloqueio de entrada de paciente. (...) Eles podiam muito bem estar socorrendo o pessoal dos corredores, mas preferem mais a fachada do status do que realmente manter o atendimento”, disse.
O relato aponta que a determinação já provocou diversas discussões entre equipes médicas e de gestão.
Histórico de suspensões
Esta não é a primeira vez que a Santa Casa bloqueia admissões. Ao longo de 2025, a instituição já havia adotado medidas semelhantes por falta de insumos e ocupação além da capacidade. Em várias ocasiões, a situação mobilizou Centrais de Regulação, autoridades de saúde e órgãos de fiscalização, que realizaram visitas para avaliar a estrutura e o atendimento.
Contexto regional
A Santa Casa de Campo Grande é referência regional em atendimento de alta complexidade, mas opera há anos acima de sua capacidade projetada, principalmente em setores críticos. A direção reconhece que isso compromete a segurança dos pacientes e a humanização do atendimento.
Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.